Marcas de luxo? Não, obrigada!

Tpm

por Tania Menai
Tpm #95

Nova York é o templo das compras, mas a bolsa precisa ser Louis Vuitton e o óculos Chanel?

Um papo recorrente entre os meus amigos brasileiros aqui em Nova York é a nossa perplexidade em relação a alguns conhecidos que vêm do Brasil com ânsia de comprar aos montes. Sim, tudo no Brasil está pela hora da morte em comparação aos US$ 9,99 dos EUA. Mas o ponto que nos surpreende é a necessidade doentia de roupas de marca. A calça tem que ser da Diesel. A bolsa, da Louis Vuitton. O óculos, da Chanel. Mas por que alguém “precisa” de uma calça de US$ 290, enquanto na GAP paga-se US$ 19? Pra que desfilar com uma bolsa com logos estampados? Por que a quase obrigação de colocar sobre os olhos uma marca milionária?

Por fora bela viola

Uma das pessoas mais sábias que conheço – e que trabalha com moda há 50 anos – diz que “os mais fracos por dentro precisam de uma autoafirmação por fora. Para eles, essas marcas exercem essa função. Eles saem pela rua que nem outdoors e, assim, sentem-se bem-aceitos pela sociedade, sem ter que provar muita coisa. Pessoas autênticas e seguras não precisam disso”. Concordo. Adolescentes, para serem aceitos por seus grupos, muitas vezes “têm de usar o tênis tal”. Mas, quando crescemos, esse fútil desespero por marcas torna-se uma infantilidade. Os que “precisam” andar que nem um cabide de lojas de luxo circulam em grupos nos quais esse é o passaporte de entrada. Inversão de valores?

As pessoas mais descoladas e bem colocadas com quem convivo não ligam pra isso. Todas se vestem com qualidade e personalidade, mas não a ponto de um ficar olhando a etiqueta da roupa do outro. Sim, é delicioso fazer extravagâncias vez ou outra; mas, para se pagar US$ 290, a roupa tem de ser quase exclusiva, e não ser uma calça jeans en masse. O documentário Valentino, O Último Imperador mostra que ele costurava tudo à mão. Isso já era no mundo do luxo. Por isso, ele é o último imperador. Em Nova York, os melhores achados são nas feiras de rua, como as do SoHo. E a bolsa que faz as pessoas me pararem na rua em todas as cidades internacionais por onde ando nem é daqui. Foi feita à mão, na Bahia, Brasil. E veio sem etiqueta.

 

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