Em Buenos Aires, grupo de mulheres usa o bordado para expressar arte e subversão
Amamos todos as maravilhas digitais. A rapidez, a mobilidade que não nos exige mais do que leves movimentos de pescoço, a interação que não nos compromete, todas aquelas ferramentas práticas que nos permitem construir qualquer coisa sem ao menos sujar as mãos. E a verdade é que tudo isso combina direitinho com a vida super atarefada que temos. Mesmo assim há quem sinta saudade de uma vida mais artesanal.
Rita Smirna é um grupo de mulheres no qual as mãos coçam. A vontade do encontro, da troca e da relação de carne e osso foi o que as levou a se encontrarem religiosamente, toda sexta-feira, em Buenos Aires para bordar. Isso mesmo. Parece programa de 50 anos atrás ou de casa de vó, mas fora as linhas, agulhas, dedais e tecidos, a história é bem diferente.
Reunidas desde 2008, essas oito mulheres entre 30 e 40 anos, esquentam as mãos e emprestam suas habilidades artísticas e manuais - entre elas estão ilustradoras, artistas plásticas e cozinheiras - para o projeto que de tão sem intenção, virou amor e ganhou espaço em galerias e mostras de arte. "Gostamos de dizer que o bordado nos escolheu. E foi ele quem também nos uniu", diz Adriana Torres, uma das integrantes do grupo.
O grupo até funciona como passatempo, mas não só isso. É expressão de feminilidade, de subversão, espelho e ao mesmo tempo contraste dos tempos de hoje. Tudo alí ponto a ponto, feito por mãos inquietas, que desejam mirar os olhos além da tecnologia e do virtual. "O grupo funciona como a soma da individualidade de cada uma. Os bordados vão passando de mão a mão e o trabalho vai ganhando forma, sabemos como começa, mas nunca como termina. Pensamos juntas a idéia, definimos cores e materiais, mas o processo mesmo é livre, sem linhas de condução", comenta Adriana.
Além do grupo, as meninas mantém trabalhos só delas. O interessante ao ver as criações é, que apesar de individuais, os trabalhos se comunicam, mesmo quando distantes. E então, quando olhamos as composições de Rita Smirna percebemos que todas elas deveriam mesmo estar juntas.
Para conhecer o que cada uma faz:
Vai lá: ritasmirna.blogspot.com.br, Pinterest
