Luluzices e Luluzeiras

por Clarissa Corrêa

Quando um aplicativo põe a boca no trombone!

 

É inevitável: com o passar do tempo tudo acaba se modernizando. Atualmente, as conversas ultrapassaram as mesas de bar e chegaram em outro patamar. Não é preciso anunciar particularidades em um megafone, basta escrever duas ou três qualidades, defeitos e otras cositas más do seu ex-affair em um aplicativo.
 
As mulheres, escondidas atrás do anonimato, avaliam o comportamento dos homens com quem tiveram algum envolvimento. Podem, inclusive, usar hashtags como #arrotaepeida, #maisbaratoqueumpãonachapa, #conquistouminhacalcinha, #nãoéumafacaginsu, #tocavuvuzela, entre outros. 
 
Acredito que muitos relacionamentos tenham ficado balançados, já que algumas mulheres têm um lado detetive e nem sempre perdoam o passado. Eu, por exemplo, baixei o Lulu no meu telefone só pra ver se meu marido estava lá. Por sorte ele não estava.

Muitos homens ficaram incomodados com o surgimento do aplicativo, outros se divertiram com a situação. O curioso é que bem ou mal todo mundo quer saber o que estão dizendo a seu respeito. Faz parte da natureza humana. E também da masculina, afinal, desde sempre os homens foram criados para serem os bons (estou mentindo?).
 
Há quem diga que eles passaram (e passam) o tempo inteiro falando das mulheres, dando adjetivos, contando vantagens, fazendo gracinhas. Seria esse um movimento feminino de vingança (Movimento É Hora Do Troco)? Não sei, talvez seja uma forma das mulheres manifestarem sua insatisfação. Ou então de falarem mal daqueles sujeitos que as desprezaram um dia. Ou, ainda, de alertarem às outras "não te mete com esse"/"te mete com aquele".
 
De qualquer forma, acredito que não se paga nada na mesma moeda. Se você não gosta que um cara conte para o outro suas mais secretas intimidades, não deve fazer o mesmo. Ainda que fique protegida, sem expor o rosto, o nome, os porquês. Ninguém gosta de ter a vida exposta, de assumir verdades sujas, mentiras sinceras, invenções misturadas com realidade, afinal, é claro que tudo ali leva um toque de maquiagem. Para mais ou para menos.  
  
*Clarissa Corrêa é autora dos livros Um pouco do resto, O amor é poá, Para todos os amores errados e Um pouco além do resto. Também escreve para o site www.clarissacorrea.com
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