O antes e depois de Luísa Sonza

por Natalia Guaratto

Cansada do rótulo de boa menina, a cantora fala da busca por sua identidade musical, o começo da carreira e a depressão do marido, Whindersson Nunes

Luísa Sonza mira alto: seu desejo é ser a nova diva pop do Brasil. Nesta sexta-feira (22), ela lança sua primeira parceria internacional. A faixa, em que canta ao lado da boyband canadense PrettyMuch, é mais um passo na jornada de autoconhecimento musical da artista de apenas 21 anos, que surgiu aos 17 fazendo versões românticas em voz e violão no YouTube.

Nascida em Tuparendi, cidade de 8 mil habitantes no interior do Rio Grande do Sul, a ex-rainha dos covers agora tem voz própria. Arriscando-se no pop com letras provocantes e coreografias ousadas, ela colhe, em 2019, os frutos do lançamento de seu primeiro álbum, “Pandora”, em que explora múltiplos estilos. 

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“É a mistura de uma Luísa do passado com uma Luísa do presente e um pouco do que ela ainda vai ser”, conta. Conhecida como a “fada sensata da internet”, Luísa fala à TPM sobre a busca pela identidade musical, as críticas pela mudança de estilo, sua postura nas redes sociais e o apoio ao marido, o humorista Whindersson Nunes, durante a depressão. 

 Tpm. Você sempre quis ser uma diva pop?

Luísa Sonza. Comecei a cantar com 7 anos, fui para internet com 17. Trabalhei muito para isso, para uma carreira em que eu pudesse abraçar vários ritmos e sonoridades, mas sobretudo o pop. É um tipo de música com o qual me identifico muito, então hoje não me vejo em outro estilo. 

Na capa do seu álbum "Pandora", você encarna diferentes personas. O que isso significa? Na real, as várias Luísas da capa do disco são a mistura de uma Luísa do passado com uma Luísa do presente e um pouco do que ela ainda vai ser. Sou eu mostrando as minhas várias facetas, várias formas de ver o mundo. Essa capa explica um pouco como foi abrir essa caixa de Pandora, que no caso sou eu, tanto como artista quanto como pessoa.

O que descobriu ao compor e gravar o seu primeiro disco? Mudou a minha forma de me enxergar. Foram nove meses de processo de composição e produção. Aos poucos, fui me soltando. Escrevi uma música para a minha mãe, escrevi coisas sobre sentimentos muito profundos. Sinto como se eu tivesse tirado esses sentimentos de uma caixa que estava guardada, por isso o nome Pandora. Durante esse processo eu entendi que eu não era uma só. Que eu não ia conseguir fazer só uma música de pista, ou só uma maisa lenta. Sou uma artista muito maleável. Gosto de mudar, gosto de diversificar.

Como você chegou nessa diversidade musical que compõe a sua carreira? Trabalhei 10 anos em uma banda de casamento, então tive que aprender a cantar de tudo. Por um tempo, tinha dificuldade de me aceitar dessa maneira, cheguei até a me perguntar: “Será que eu não tenho identidade musical”? Até que eu entendi que meu negócio é ser multifacetada, é ser várias Luísas, é cantar música lenta com referência gospel, é ir do R&B de “Saudade da Gente” à mistura pop doideira de “Garupa”. Cada música, cada clipe mostra fases que eu passei na minha vida e mostra também coisas que as pessoas falavam para mim ou acreditavam que eu era. 

Você fez terapia para vencer a dificuldade em se aceitar? Terapia eu faço para tudo. É uma coisa que eu nunca largo. Mas o meu entendimento vem de ter começado muito cedo... Dos 17 aos 21, eu cresci muito. Sinto que sou outra pessoa, mais madura. Acho que foi algo que aconteceu naturalmente. Conforme o tempo foi passando, fui ficando mais segura de mim mesma, me conhecendo e me entendendo. Sou assim e está tudo bem. Que bom que eu tenho vários estilos, várias referências. Eu já cantei até em velório para você ter uma noção.  

A música “Boa Menina” marcou sua transição da música romântica para o pop. Ela é um resposta para quem te criticou por mudar de estilo?

Parece ser uma música para um cara, mas, na verdade, é praticamente um manifesto de que eu cansei disso. Eu estava em um momento que as pessoas estavam me botando muita pressão do que eu deveria ser — e sou eu mesma quem tem que decidir o que sou, não os outros. Por eu ter começado com voz e violão, fazendo cover, as pessoas queriam que eu seguisse isso. “Boa menina” foi o insight de tudo. Eu sou assim e não me interessa o que eu fiz antes. Não me interessa o que eu vou fazer depois, a única coisa que me interessa é que eu me encontrei assim, me encontrei nesse estilo musical, me encontrei dançando. 


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Este ano, seu marido Whindersson Nunes revelou ter depressão. Como foi estar ao lado dele durante o tratamento?  Foi um ano que eu evoluí muito como pessoa. Sempre tive muito contato com a depressão, era uma coisa que eu já conhecia, já entendia e já tinha noção. Acho que todo mundo já teve alguém próximo que passou por isso. Foi um processo de estar do lado, de apoiar, de ir junto, de entender o outro. Foi um momento de apoio, não foi um sacrifício para mim. 

Nas redes sociais, você é conhecida como a “fada sensata da internet”, de onde vem o seu bom-senso?  Acima de tudo tento me colocar no lugar do outro. Independentemente se o outro está certo ou errado, eu não chego julgando. Isso foi algo que aprendi muito com a internet. Quando você é uma pessoa pública, as pessoas te julgam demais sem saber. Olham uma foto e já se sentem no direito de falar: é isso ou é aquilo. Não me considero mais sensata do que ninguém, mas se os outros quiserem me chamar de sensata, tá tudo bem. Eu só dou as minhas opiniões. Isso também faz parte de ser artista. Às vezes, a gente tem que pensar como cidadã, pensar como sociedade, não só no nosso nariz. 

Créditos

Imagem principal: Jonathan Wolpert / Divulgação

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