Para a nova colaboradora da Tpm, blogueira do Cozinhando para 2 ou 1, comida boa pode ser também comida rápida
A história do primeiro prato que a jornalista Luciana Carpinelli, 31 anos, inventou começou com uma brincadeira entre ela e a avó. “Eu estava na casa dela e disse que ela sempre fazia as mesmas comidas”, conta. Logo a avó respondeu com o desafio: por que ela mesma não preparava alguma coisa? Entregou uma peça de peito de frango nas mãos da neta e disponibilizou todos os ingredientes na geladeira para fazer o que bem entendesse. Requeijão, creme de leite e shoyu (que até então ela nunca tinha utilizado) e, voilà, o famigerado frango cremoso com shoyu saía do forno e conquistaria os corações de familiares e amigos.
Dez anos depois, a criatividade nas panelas de Luciana ainda é a mesma. Mas agora suas receitas também conquistam também os leitores do blog Cozinhando para 2 ou 1 – e, a partir de hoje, deixarão o site da Tpm mais inspirados quando o assunto é forno e fogão. É que a jornalista é nossa nova colaboradora de gastronomia e, a cada 15 dias, irá compartilhar aqui algumas das suas experiências na cozinha. As receitas escolhidas, garante, seguem o mesmo princípio do blog: são básicas, fáceis, práticas e perfeitas para quem mora sozinha. “Busco sempre ter uma alimentação mais saudável, sem ser aquela comida sem graça”, avisa.
Tpm. O blog é resultado dos seus experimentos quando teve que começar a cozinhar a própria comida todos os dias. Como tudo começou?
Moro sozinha desde 2005, quando vim de Mogi das Cruzes [região metropolitana de São Paulo] para trabalhar na capital. Comecei a ter que me virar na cozinha, fazia o básico – arroz, feijão, ovo frito, macarrão com sardinha. E aí comecei a enjoar disso e fui experimentando outras coisas. O ponto principal do blog é que, depois de um tempo cozinhando, as receitas eram grandes demais, sobrava muita coisa. Então eu era obrigada a comer a mesma coisa a semana toda porque não queria jogar fora, o que me desanimou para cozinhar. Nessa época, comecei a comer mais congelados, até quando percebi que precisava voltar a comer melhor, não dava para sobreviver só com congelados. Acabei engordando, me consultei com um endocrinologista e descobri que estava um monte de problemas: colesterol alto, pré-diabetes. Precisava mesmo comer bem e comecei a adaptar as receitas grandes para comer sozinha, em uma ou duas porções. Não tem sobra, não faz muita sujeira, não tem desperdício. E acabo comendo uma coisa diferente a cada dia.
Algum tempo depois, comecei a publicar as fotos do que preparava no Instagram. Meus amigos viam, me pediam a receita, eu mandava para eles por e-mail. Passei a fazer isso praticamente todos os dias. Até que, em uma conversa com um deles, a ideia do blog surgiu para que todas as receitas estivessem ali e, quem precisasse, pudesse buscá-las. Inclusive eu mesma, às vezes inventava alguma coisa e, dali a um dois meses, queria repetir e não lembrava direito como fazia. Então foi uma forma de dividir com os amigos e também ter um histórico para mim.
Qual foi a primeira receita que você criou?
Não tenho muito medo de arriscar. Então meio que experimento e, se não der certo, tudo bem. Um dos primeiros que eu mesma inventei faz uns dez anos. Estava na minha avó e disse que ela sempre fazia as mesmas comidas. Então ela falou tá aqui, faz você o peito de frango. Peguei requeijão e creme de leite na geladeira, temperei com shoyu e virou um frango cremoso com shoyu. Sempre faço a receita, fica diferente. Meus amigos adoram.
Então você já estava mais acostumada a cozinhar. Foi fácil se virar sozinha?
Não, não foi. Não estava totalmente preparada porque não cozinhava todo dia, era mais uma diversão. Aí fui morar sozinha e virou obrigação, acabou sendo chato. Só a partir do momento que tive a ideia de diminuir e adaptar as receitas, virou diversão de novo, um hobby.
Você cria receitas novas todos os dias?
Praticamente. E o blog é quase diário, então tudo o que faço é publicado. Eu tenho que cozinhar todos os dias e não gosto de comer a mesma coisa todos os dias, vou fazendo naturalmente. Vejo o que tenho na geladeira, o que comprei na semana, no mês e penso: como vou fazer filé de frango? Em vez de grelhadinho, invento um molho diferente, asso de outra forma, faço empanado com alguma outra coisa. O blog incentiva e minha vontade de comer coisas diferentes acaba ajudando.
Quais são suas influências? Costuma acompanhar algum chef?
Gosto muito dos programas do GNT. A Nigella, o Jamie Oliver e o Olivier Anquier são pessoas que tenho como referência. E dicilmente copio e faço do jeito que aprendo, geralmente adapto o que vejo, como se fosse uma referência. E as receitas de família também me influenciam. É a comida de vó, mesmo, meu estilo é comida caseira com apresentação diferente pra deixar com cara apetitosa no dia a dia.
Como é sua rotina? Dá tempo para cozinhar?
Atualmente trabalho em casa como jornalista freelancer e estou estudando para prestar concurso público. Por isso consigo almoçar aqui todos os dias. E meus pratos geralmente são rápidos, ou então morro de fome. O básico é: mais fácil e mais rápido possível. Sou meio preguiçosa pra cozinhar, confesso que simplifico as receitas mais difíceis no dia a dia, para fazer sem ter aquela coisa de gastar a tarde inteira preparando o jantar.