Jane Goodall: mulheres “difíceis” mudam o mundo

“Não é preciso muito para ser considerada uma mulher difícil. É por isso que existem tantas de nós”, declarou a cientista Jane Goodall (1934-2025). Ativista, escritora, antropóloga e primatologista (sim, ela estuda animais primatas), a britânica reconhecida por muitas razões extraordinárias também é dona desta citação que define exatamente como somos enxergadas num mundo que odeia mulheres. Quem nunca foi chamada de difícil por não ser silenciosa, boazinha e submissa o suficiente, sem negligenciar as próprias necessidades e objetivos? Goodall mostrou que é possível existir com voz e integridade em todos os espaços.

Fundadora do Instituto Jane Goodall e do programa Roots & Shoo, a cientista faleceu em 1º de outubro, aos 91 anos, deixando um legado imenso – e o exemplo de uma mulher corajosa que não se cala. Jane revolucionou a primatologia com seus estudos autodidatas sobre chimpanzés. Em 1960, sem formação acadêmica e munida apenas de “um caderno, um binóculo e seu fascínio pela vida selvagem”, como conta a biografia de seu instituto, iniciou suas pesquisas no Parque Nacional de Gombe, na Tanzânia. Foi lá que a britânica fez descobertas inéditas, como o uso de ferramentas pelos primatas, antes considerado exclusivo dos humanos.

Além da ciência, Goodall se tornou uma das mais influentes defensoras da conservação ambiental e do bem-estar animal. Como Mensageira da Paz da ONU, ela promoveu a sustentabilidade, a proteção da vida selvagem, além de ressignificar com seu trabalho e discurso o olhar do mundo sobre as mulheres.