Para você que pensava que o revival mais nocivo dos anos 80 tinha sido roupa com ombreira
E você pensava que o revival mais nocivo dos anos 80 tinha sido roupa com ombreira. Como você deve ter percebido pelas filas nos banheiros, a cocaína voltou – como se os yuppies ainda dominassem a Terra. E, agora, as mulheres estão cheirando mais. Entre 2001 e 2005, o número de consumidoras entre 18 e
24 anos dobrou. Pior: o pó vendido hoje, de qualidade muito inferior à do que circulava antes, acaba tendo efeito mais destrutivo. De acordo com o Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas, o papelote hoje inclui soda cáustica, querosene, mármore, cimento, e gasolina, entre outras substâncias. A reportagem “De volta ao pó” não deixa o fenômeno passar em branco.
Do ilegal para o legal, então. “Mais uma dose? É claro que eu tô a fim.” Letra do Cazuza, lá dos anos 80 também. Só que não tem revival de cerveja – nem de qualquer bebida alcoólica. Ao contrário, bares e geladeiras sempre se mantiveram muito bem abastecidos. Zeca Pagodinho deu sua contribuição. Não apenas num entusiasmado consumo pessoal, mas assumindo o papel de garoto-propaganda de uma marca de cerveja. E ai de quem sugerir ao cantor dar uma maneirada: “Se me mandarem parar de beber, vou demitir o médico”, conta nas Páginas Vermelhas. A hospitalização no início de janeiro, ele garante, foi culpa do estresse de uma viagem à Disney.
No outro lado dos Estados Unidos, na Califórnia, cresceu a fotógrafa Autumn Sonnichsen. Há uns quatro anos, ela veio para o Brasil. Você já deve ter visto o seu trabalho aqui mesmo na Tpm. Ou no blog que ela mantém no site da Trip. De qualquer jeito, algumas fotos dela ilustram seu perfil, que começa na página 56. Eróticas ou pornográficas? Nem vem. “Não tenho vontade desse debate. Quero fazer fotos divertidas, que as pessoas entendam, que as deixem felizes, não discuto limites”, resume Autumn. E já emenda uma definição quase metalinguística de pornografia: “Qualquer imagem vendida para outra pessoa bater punheta”.
Resumo: rock’n’roll tá liberado, mas sexo e drogas continuam causando. E Roberto Carlos, que vai completar 50 anos de música, continua soando atual para muita gente: “Será que tudo que eu gosto é ilegal, é imoral ou engorda?”.