Tpm

por Tania Menai

Depois de falar de ratos, chegou a vez dos mendigos. E desculpem se estamos aqui tirando qualquer ar de glamour de Nova York. Fazer o quê? Isso aqui não é Mônaco. Os mendigos aqui são muitos e, da maneira que os aluguéis sobem, aumenta o número de desabrigados. Mas há algo diferente entre os mendigos daqui e os do Brasil. Aqui, a grande maioria são homens, adultos. Jamais vê-se famílias inteiras sentadas na calçada pedindo dinheiro. Muito menos crianças – e muito menos ainda crianças vendendo chiclete de madrugada sendo administradas pelas próprias mães.

Os homens ficam sempre no mesmo lugar, estilo Joe Gould, o mendigo mais famoso da cidade. No meu bairro já sei onde vou encontrar quem, sempre bêbados, caindo pelas tabelas, um deles com cara de homem das cavernas – eles não incomodam, e se te abordam, mantêm uma distância interpessoal que não agride. De vez em quando aparecem de barba feita e banho tomado, coisa que devem ter feito em algum dos vários abrigos para homeless. Alguns deles andam pela cidade carregando todos seus pertences, muitas vezes em carrinhos de supermercado.

O mesmo acontece com senhoras homeless, que costumam entrar com sacos e mais sacos em cafés de livrarias e assim ficam durante horas, folheando revistas. Ninguém as expulsa - espaço público é espaço público. Por outro lado, a convivência se agrava quando dividimos vagões de metrô com alguns deles que não vêem um chuveiro há meses. Ninguém fala nada, e também não tiram ninguém de lá. Mas quem acaba saindo somos nós – resta voltar para a plataforma e esperar o próximo trem.
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