Impressão minha ou 2011 começou um tanto repetitivo?
As chuvas, como em todos os meses de janeiro desde o fim da última Era Glacial, há uns 12 mil anos, inundam o sudeste do país e fazem centenas de vítimas. Os governos federal, estadual e municipal, porém, estão surpresos.
Sem falar na Amy Winehouse, que não decepcionou ninguém e fez o que todo mundo esperava: uma turnê sofrível. Confundir garrafa com microfone foi o de menos. O que superou as piores expectativas foi a desorganização do show em São Paulo. Se bem que isso não chega a ser inédito. Anhembi entupido de gente, som ruim, telão que só tinha “ão” no nome, estacionamentos superlotados e, na saída, táxis disputados no grito. Sem falar que faltou cerveja. Acho que desde os tempos de colégio não faltava cerveja numa festa – e ninguém cobrava entre R$ 200 e R$ 700 de entrada.
Ou ainda: a Power Balance foi obrigada a reconhecer que a pulseira prometia muito mais do que entregava. Opa, quer dizer que a tira de silicone com dois hologramas não transforma ninguém em superatleta? Não brinca. Mas e o “efeito quântico”? E o processo de fabricação baseado nas “filosofias orientais e holísticas”? E, principalmente, o depoimento de Rubinho Barrichello, garantindo que sua performance melhorou demais com o acessório? Ele, afinal, terminou o último campeonato de F-1 em um honroso décimo lugar.
Em meio a tanto déjà vu, a novidade foi a posse da primeira presidente do Brasil. Ou, como Dilma Rousseff preferiu no discurso de posse, primeira presidenta. Lembrou o documentário José e Pilar, quando a jornalista espanhola Pilar del Río, viúva do escritor José Saramago e pós-feminista afiada, faz questão de ser tratada como “presidenta” da fundação que leva o nome do ex-marido. “Só os ignorantes me chamam de presidente”, dispara. “A palavra não existia porque não havia a função.”
Agora existe. Outra função que não havia, ou pelo menos ninguém tomava conhecimento dela, é a de vice-primeira-dama. Marcela Temer, mulher do vice-presidente Michel Temer, inventou o cargo – quase sem querer, como ela conta no perfil que começa na página 68. Marcela fala com exclusividade à Tpm sobre os Bailes do Pijama em Paulínia, no interior de São Paulo, o concurso de miss em que foi vice pela primeira vez, o primeiro encontro com Temer, a primeira declaração de amor que ouviu dele, o casamento com um homem 43 anos mais velho, o nascimento do filho, política, e ainda revela em que pensava lá no parlatório do Palácio do Planalto.
Em tempo: se fevereiro já é tarde para desejar um feliz ano novo, fica então com um feliz ano todo.
Fernando Luna, diretor editorial