E por falar em flores...

por Tania Menai
Tpm #92

Por que não doá-las para asilos e hospitais em vez de jogá-las no lixo? Adote a flormania

Sabe o que acontece com aquelas belíssimas e caríssimas flores das festas de casamento? Vão para o lixo antes mesmo de os noivos embarcarem para a lua de mel. Mas isso quase não acontece mais em Nova York. Aqui, entra em cena a fundação Flower Power, liderada pela americana Nancy Lawlor. Criada em 2003, ela agrega voluntários que desmontam os arranjos depois de cada festa e, imediatamente, os levam para asilos e hospitais da cidade. As flores de casamento são as melhores, porque, ao contrário daquelas de restaurantes ou lobby de hotéis, que já passaram uma semana em vasos, têm frescor e continuam dando vida a lugares antes inóspitos e tristes. A fundação já doou mais de US$ 2,5 milhões em flores, vindas de casamentos e bnei mitzvah em Nova York e Los Angeles. Nancy atuou, inclusive, em cinco festas de gala na noite da posse de Barack Obama, em Washington. Quem recebeu? Soldados hospitalizados.

 

Plantar o bem
Eleita uma das líderes de tendência de 2008 pela revista Modern Bride, Nancy deixou a carreira de atriz para fazer o bem. Já tive o privilégio de acompanhá-la em uma noite, quando recolhemos flores em um casamento no sul de Manhattan e as levamos para um hospital de doentes terminais no East Harlem, às duas da manhã. Lá, um senhor com câncer e bem fofinho nos disse: “Vocês adicionaram anos à minha vida”. Foi uma das experiências mais comoventes que vivi. “Há quem diga que flores não fazem parte das necessidades primárias, mas já tem muita gente tomando conta da comida e de abrigo, queria fazer algo pioneiro”, diz a idealizadora. “Faz parte da vida, é algo importante. Nunca saímos sem estarmos tocados. Nunca.”

Seu trabalho lembra muito as cenas do filme Bed of Roses (1996), no qual o ator Christian Slater faz o papel de um floricultor que adora ver a reação das pessoas ao receber flores. Nancy aprendeu sobre o mundo floral na prática. Ainda assim, já recebeu elogios de Chris Giftos, o mestre dos floricultores nova-iorquinos que, por mais de 40 anos, foi responsável por cuidar dos quatro enormes vasos do lobby do Metropolitan Museum of Art. Mas ninguém precisa estar em Nova York para fazer o mesmo. Basta procurar na sua cidade quem receba as flores, mandar entregá-las ou, melhor ainda, ir pessoalmente. O maior presente é para quem dá. Acredite.

Vai lá: www.flowerpowerfoundation.org

* Tania Menai é jornalista, mora em Manhattan há 13 anos e é autora do livro Nova York do Oiapoque ao Chuí, do blog Só em Nova York, no site da Tpm, e também do www.taniamenai.com

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