por Autumn Sonnichsen
Tpm #180

Depois de acompanhar a gravidez de sua amiga Mariana, nossa colunista registrou o primeiro encontro de Luna com o mundo

Hoje de manhã, me disseram que tem três coisas na vida que você não pode controlar: o amor, a morte e o parto. Foi meu eletricista que me falou isso, um cara do leste da Alemanha que tem o antebraço do tamanho da minha coxa, um abraço muito firme e muitas cicatrizes no rosto. 

Na minha última coluna, te contei sobre Mariana. Mostrei para vocês a minha amiga com uma coroa de folhas de oliveira, grávida, pleníssima. Uma daquelas grávidas que faz parecer que a gestação é muito fácil, que a vida é cheia de magias, plenitudes e alegrias.

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Sabemos que a gestação não é sempre assim, que os corpos são diferentes, que o peito pode cair, que o parceiro pode perder o tesão, que há enxaqueca, náusea e mil jeitos de complicar a jornada do corpo de uma mulher.

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Mas, naquele momento, ela estava feliz, rodeada por amores. E eu, por sorte, estava lá, amando Mariana com uma meia dúzia de outras mulheres. Tivemos que fazer uma caminhada nada fácil para chegar a uma nascente no meio da montanha, carregando uma menina de 6 anos e uma mulher grávida de oito meses e meio.

Isso aconteceu no mês passado. E agora nasceu a Luna, dando estrela logo ao chegar. 

Luna nasceu no tempo dela, no chão da sala dela, em uma casa cheia de gatos, plantas e amores. Era uma festa: havia amigas da Mariana, o pai, Victor, a parteira, a avô, a irmã, Gaïa, que tem 6 anos, e eu lá, quietinha. Ela nasceu às 8 da noite, com a luz da rua entrando pela janela, o gato curioso e a Gaïa fazendo cafuné na cabeça da Mariana. 

Se for para nascer, que nasça assim, mergulhando fundo nesse mundo novo que é cheio de incertezas e belezas.

Créditos

Imagem principal: Autumn Sonnichsen sobre ilustração de Marcella Riani

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