A revista New Yorker é paixão local - talvez nacional. Tanto, que já escrevi sobre ela aqui na TRIP há quase dois anos. Além dos textos literários (que inspiraram a revista brasileira piauí), as charges são uma obra de arte. Ganhei de presente a coleção inteira, que vem com um CD, e num dos natais distribui de presente um outro livro: Rejection Collection, as charges mais picantes e politicamente incorretas que foram rejeitadas pelos editores. Comprei uns 10. Meus amigos amaram o presente.Mas essa semana, a capa que deveria entrar para a Rejection Collection acabou nas bancas. Trata-se de Barack Obama, vestido de muçulamo, na Casa Branca, com uma lareira queimando a bandeira dos Estados Unidos e a foto do Osama na parede. Barack cumprimenta a esposa, Michelle, que por sua vez veste uma roupa militar com uma metralhadora à tiracolo. Sátira por sátira, alguns podem até endenter.Dessa vez, no entanto, a revista pegou pesadíssimo, tem até programa de TV hoje fazendo o público votar. Por mais intelectuais que os jornalistas da revista sejam (ou pensam que são), o público em geral não é - e de forma alguma vai enteder que a capa é uma sátira à política do medo. A galera em geral ainda acha que Barack é muçulmano, quando ele já repetiu milhões de vezes que é cristão. Uma religião não é melhor que a outra, mas é só para ilustrar a falta de informação das massas. Agora, com esta charge, que coloca o dedo em terrorismo, a coisa vai piorar. Enfim, bola fora.