por Ana Manfrinatto

É, deu saudades do meu avô!

Há pouco mais de cinco anos eu saía do Brasil para vir morar em Buenos Aires. Nesta época eu deixei o emprego e o apartamento que eu dividia com uma amiga nos Jardins para vir pra cá com duas malas e três matrículas: em dois cursos de teatro e um de jornalismo investigativo.

O resto é história... comecei a trabalhar como correspondente, fiz uma pós-graduação, voltei pro Brasil, depois voltei pra cá com um emprego de produtora de tevê e agora edito um site. Nesse interim também fiz de um tudo: dei aulas de português, trabalhei de hostess em um restaurante e pude fazer vários freelas divertidos.

Hoje, em vez de duas malas, eu tenho um guarda-roupa grande, amigos, a casa que eu divido com o meu namorado e sotaque portenho. Mas antes de vir pra cá a única coisa que me prendia no Brasil era esse cara aí da foto, o meu avô. A gente era SUPER apegado e ele já estava doentinho. Quando eu cheguei eu ligava pra ele quase todo dia e sabia que mais cedo ou mais tarde a notícia iria chegar.

E ela chegou há exatos cinco anos, no dia 6 de junho de 2006. O mesmo dia que foi ar ao minha primeira matéria de televisão, para a TV Cultura, sobre a popularidade do então presidente Nestor Kirchner. Meu avô não chegou a vê-la nunca. Assim como eu nunca mais o veria. (Sorte que o Lucas estava me visitando e esteve do meu lado).

Todo mundo da família diz que nós éramos iguais: personalidade forte, ora sorriso no rosto, ora rabugice, mania de conversar com todo mundo na rua, vontade de comer em paz em silêncio todos os dias. Sem contar que cada vez mais eu me pego fazendo o mesmo barulho que ele fazia com a boca quando uma panela cai no chão. Sem falar da admiração que eu sempre tive por ele.

Já que eu não sei como terminar este post, vou parafrasear o Gil do mesmo jeito que ele fazia quando encerrava uma conversa telefônica: Seu Romeu, aquele abraço!

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