A velha história do novo

por Juliana Sampaio
Tpm #81

Agora não basta uma coisa ser nova, ela tem que ser a-nova-alguma-coisa

Por que diabos as revistas femininas insistem tanto em nos ensinar que “o novo aquilo” é “aquilo outro”?

Folheando uma dessas revistas fe­mi­ninas mainstream, cheia de receitas de co­mo a gente deve ou não ser na vida, re­parei uma nova tendência nas matérias sobre moda e comportamento: agora não basta uma coisa ser nova, ela tem que ser a-nova-alguma-coisa. É assim: você mal as­similou a novidade da hora e descobre que ela já datou e já lançaram a nova-no­va-tendência da vez. Exemplos (reais) des­se novo tipo de abordagem: “O novo cham­panhe rosé é o coquetel” (jura? E on­de entra a minha cer­vejinha de sempre aí nessa história?), “O novo florido é o man­­chado” (gente, eu nem sabia que as flores tinham voltado!), “A nova fulana de tal é a beltrana” (caramba. E a fulana de tal faz o quê? Se mata?). Mas tu­do bem. A gente também é motherna e sabe assimilar as no­vi­dades. Até já pensamos nas próximas pau­tas para nossas colunas sobre maternidade:

• O novo método Leboyer é o parto em casa.
• O novo canguru é o sling.
• O novo balezinho é a ioga infantil.
• A nova papinha de arroz integral é a papinha de quinua.
• O novo “meu filho é um capeta” é o “meu filho tem TDAH (Trans­torno de Déficit de Atenção com Hiperatividade)”.
• A nova idade cricri é a pré-adolescência.
• O novo adolescente é o adulto.

Mas isso, claro, se até o mês que vem a abordagem jor­na­lística da moda não for inteiramente outra. Ou, quem sabe, com sorte, a próxima tendência de sucesso não é cada um viver a vida do seu jeito, sem ter que seguir tendências?

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