Debate inspirado em projeto do canal Universa reflete sobre os absurdos padrões impostos às mulheres
A conversa sobre corpo começou com a exibição de um vídeo da campanha “Por que meu corpo te incomoda?”, do canal Universa, do UOL, que reuniu exemplos de situações de repressão ao corpo feminino, por diferentes motivos: peso, pelos, cor da pele, amamentação. Em seguida, a editora do site Luciana Bugni, que mediou a mesa, convidou ao palco a psicóloga Mariana Nogueira da Luz, a bailarina Fernanda Lensky e a modelo Thais Silva.
Depois de ter sofrido ataques gordofóbicos na internet por conta de uma foto de biquíni, Thais organizou com outras mulheres um protesto na praia e levou o caso para a Justiça. “Eu consegui fazer isso, que foi uma coisa ruim, se transformar numa coisa boa”, lembra. Luciana aproveitou o gancho e indagou Mariana sobre os efeitos paralisadores que esse tipo de situação pode gerar e como contorná-los. “Não importa o que acontece conosco, mas o que a gente faz com o que acontece. O que acontece conosco a gente não controla”, respondeu a psicóloga, cujo trabalho é focado na saúde mental dos negros.
Em seguida, Fernanda assumiu o microfone para dividir as reflexões que teve sobre seu corpo e que a levaram a deixar de se depilar. Foi durante a gestação que ele percebeu que a rejeição aos próprios pelos não era natural e mudou sua postura em relação a eles. “Depois de ter passado por esse processo e conseguindo me adaptar, não me abalo mais com as críticas que recebo. Mas, às vezes, eu deixo de levantar o braço no metrô porque tenho preguiça dos comentários e dos olhares que vou receber. Tem dias em eu não quero militar, só quero não me depilar e estar tudo bem, eu só quero existir”, disse. “O feminismo não está aí para ser pesado”, disse Mariana, que completou: "Parece que a pessoa negra tem que ser ativista, e nem sempre ela quer ser ativista".
Thais deu seu ponto de vista sobre a questão: “Adoro dar a cara a tapa na internet, eu gosto, acho que tem que falar mesmo. Não estou nem aí para o que eles falam, penso que são os haters que precisam de ajuda”. Mariana concordou e acrescentou que, quando alguém desumaniza o outro, está se desumanizando também.