"Fala que eu te escuto (mesmo)!"

por Redação

A youtuber Nataly Neri, a atriz Letícia Lima e a urbanista Joice Berth refletem sobre a dificuldade de se dialogar com quem pensa diferente

Na abertura da programação do domingo, a influenciadora e criadora do canal do YouTube Afro e Afins Nataly Neri, a escritora, arquiteta e urbanista Joice Berth e a atriz Letícia Lima se uniram, sob a mediação da jornalista Milly Lacombe, para pensar um tema central no nosso desenvolvimento como sociedade: como dialogar com quem pensa diferente. 

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"A diferença não é negativa, ela enriquece a nossa convivência, ela enriquece o mundo que a gente vive. A gente tem, sim, que ter contato com quem é diferente, desde que eles respeitem a nossa existência", disse Joice. "Eu passei a vida com gente ofendendo a minha existência. O debate é importante, mas será que eu estou aberta a estar nesse fogo cruzado sempre? Só em 2018 tive três amigos que se suicidaram, essas situações levam as pessoas à morte", pontuou Nataly. “Durante muito tempo, fomos ensinados que liberdade era fazer o que você quer, na hora que você quer, do jeito que você quer, o que é muito conveniente nesse ambiente competitivo. Mas liberdade envolve responsabilidade. Se você vai dizer algo que desumaniza os outros, não tem liberdade”, completou Milly. “Eu fico muito brava quando vejo algo que atinge a vida de outra pessoa. Isso é tão violento que a sensação que dá é que não dá para começar um diálogo”, disse Letícia.

Milly confessou que também sofre para se conversar com pessoas racistas e homofóbicas, mas buscou na história da humanidade uma inspiração. “Temos muitos exemplos de pessoas que conseguiram mudar o universo em volta delas, como o Nelson Mandela”, lembrou. "Existem pessoas que saem da curva da humanidade e são elevadas num nível que nem todas as pessoas conseguem atingir. O Mandela tinha que atingir esse estado até para se proteger. Não gosto de comparar, nem de generalizar, achar que todo mundo consegue ser um Nelson Mandela. A gente precisa entender que hater é uma coisa e ignorância é outra. A gente sempre é ignorante sobre alguma coisa, alguma experiência", refletiu Joice. 

“Quem vai se abrir ao diálogo é quem pode se abrir ao diálogo, quem tem estrutura pra isso”, pensa Nataly, puxando uma reflexão sobre o gentle activism, e o quanto é um privilégio conseguir encontrar a estabilidade emocional para buscar caminhos de diálogo com haters e pessoas que a atacam na internet e fora dela. A influenciadora refletiu também sobre a posição que ocupa na formação da opinião de seus seguidores. “As pessoas começaram a terceirizar o ativismo, esperam alguém se posicionar sobre para usar esse posicionamento. E aí começam as cobranças: ‘Nataly, você precisa se posicionar’", contou, para finalizar dizendo sobre o caminho da indignação até entender que o diálogo é o melhor caminho. "O feminismo passa por uma fase messiânica, 'eu preciso levar a palavra do feminismo para todos'. Mas, depois de passar dessa fase de recém convertida, você consegue entender a possibilidade de diálogo, a importância. É que, no começo, dá muita raiva de não ter descoberto isso antes. Então a gente também tem que ter empatia com quem ainda não quer dialogar."

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"Ainda tem o hater, o ignorante que ri das piadas gordofóbicas, homofóbicas, contra mulher. Mas, se você não ri, tem gente que entende que não é mais piada. Se fere o outro, não é humor", pensou Letícia. E Joice conclui: "Eu não sou uma pessoa romântica, sou capricorniana, então, não sou muito otimista. Mas precisamos entender que a mudança está acontecendo e esses haters que estão aparecendo são pessoas que estão perdendo o poder, é o ultimo grito deles".

 

Créditos

Imagem principal: Agência Ophelia

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