por Nathalia Zaccaro

Zeca Pagodinho e Maria Bethânia se unem em turnê: ”Nossa conexão é de outras vidas”, diz o sambista

Zeca Pagodinho tinha 14 anos quando ouviu o LP Drama 3ºAto, de Maria Bethânia, de 1973. A voz poderosa da baiana em poemas de Fernando Pessoa, textos de Clarice Lispector e músicas como "Atrás da Porta", "Baioque", "Volta por Cima" e "Filhos de Gandhi" deixou o adolescente carioca impressionado. Era intensidade, dor e beleza, no melhor estilo visceral de Bethânia. Pagodinho pirou. “É lindo demais.”

Ainda faltavam 13 anos para que ele lançasse seu primeiro disco, Zeca Pagodinho, de 1986, que trouxe hits como "Judia de mim" e "Iaiá". Naquela época, a ideia de dividir o palco com a intérprete soava como um delírio – mas não era.

Vinte anos depois, em 2016, ela foi até Xerém, recanto do sambista na Baixada Fluminense (RJ), para a gravação do CD/DVD O Quintal do Pagodinho 3. "Cantamos 'Sonho meu'foi incrível. Todo mundo adorou ela! A gente mantém uma amizade", conta. 

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Desde então, pairava no ar a possibilidade de um projeto maior entre a mangueirense e o portelense. "Nem sei de quem foi a ideia. Só ouvi e aceitei. Depois percebi o tamanho da bronca que vou ter que encarar. Ela é muito grande, é iluminada. Eu só sou o Zeca Pagodinho." Os dois estarão juntos na turnê De Santo Amaro a Xerém, que vira realidade a partir do próximo dia 7 de abril, em Recife. De lá, a dupla segue para outras cinco capitais brasileiras. "Com o Zeca eu vou, com toda a confiança. Eu o acho muito alegre, muito vivo. É uma festa; todo dia em festa", diz Bethânia.

Pagodinho gosta de levar o período pré-shows em uma levada mais "vida, leva eu", mas, desta vez, o ritmo da preparação foi bem mais intenso. "Estamos ensaiando todo dia, mas é prazeroso, tudo que ela faz é lindo", diz. O reportório vai passar pela carreira dos dois. Dela, clássicos como "Reconvexo" e "Negue" marcarão presença ao lado de "Verdade" e "Vai vadiar", sucessos na voz dele.

Juntos, farão versões de canções como "A voz do morro" e "Naquela mesa"Há ainda três inéditas, compostas por Caetano Veloso, Adriana Calcanhoto e Leandro Fregonesi. Música boa não vai faltar. “Vai ser tudo bem solto, sem preocupação”, diz Zeca. A tranquilidade do sambista para as apresentações é resultado de bem mais do que só os ensaios: "Nossa conexão é de outras vidas". Separamos nossas preferidas de Bethânia e Zeca para celebrar a música, de Santo Amaro a Xerém. Se liga:

 

Créditos

Imagem principal: Daryan Dornelles/Divulgação

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