por Diogo Rodriguez

O ator e diretor Enrique Diaz fala sobre In On It, peça inédita que estreia em São Paulo

O diretor Enrique Diaz prefere não explicar como se desenrolam as ações em In On It, peça do canadense Daniel McIvor (texto e autor inéditos no Brasil). Pudera: o texto se apresenta como a junção de três histórias “em espiral”, as quais se relacionam entre si e com o público.

Mas, para o ator e autor teatral, saber o que  acontece não é o mais importante, e sim a empatia que a peça cria com o público. Parece que deu certo, já que a montagem de In On It (descoberta por Diaz num pequeno teatro nova-iorquino), encenada pelos atores Emilio de Mello e Fernando Eiras, foi bem-sucedida no Rio de Janeiro e circulou por festivais em várias cidades brasileiras.

Depois de quatro meses na capital fluminense, a peça chega no dia 15 em São Paulo (no Teatro FAAP). O diretor Enrique Diaz conversou com a Trip sobre o que em In On It pode atrair o público paulistano.

Como funciona a peça? No texto de apresentação está dito que são três histórias em espiral. O que isso significa?
Eu não posso contar tudo da peça porque o mais legal é ver como as camadas se relacionam, onde elas vão parar. Passei por isso aqui no Rio, tentar falar do atrativo da peça sem falar sobre o que é exatamente. O autor canadense (Daniel McIvor) articula essas camadas muito bem, não é só um exercício de retórica. Tem uma (história) no espaço do teatro, com os atores ali. A segunda é uma peça dentro da peça. É tem um ambiente em que não se sabe os nomes, as profissões, dos personagens. Lá na frente, entra uma terceira camada, que é o passado desses personagens, como eles se conheceram. A peça também fala do fazer artístico, a mistura entre a ficção e realidade – o que na vida de quem escreve ou cria influencia o que ele escreveu, como o que ele escreveu influencia na vida emocional dele sem que ele perceba. Existe uma quarta camada, a junção das três, e ela veicula alguma coisa. O legal nisso é que o espectador é inteligente, é através dele que essas coisas se conectam, a peça não é didática, é muito atenta com o espectador. Quem monta a lógica da história é ele.

Não tive medo de ser esquisito, complexo, é uma peça emocionante, divertida, ela não assustaria, não é a mitificação de uma coisa que é hermética

O público tem dado uma boa resposta, apesar da complexidade do roteiro?
Respostas excelentes. Depois de quatro meses de temporada sempre lotada no Rio. Acabamos a temporada do [teatro] Oi Futuro lotados, com um mês e meio de antecedência na venda de ingressos. Tivemos críticas ótimas, fizemos vários festivais em várias cidades, com uma resposta muito boa. Eu sei que o roteiro é complexo, mas a peça é muito empática, porque tem humor, drama, tem códigos que o roteiro estabelece. O público é muito bem-recebido pela peça. Não estou dizendo isso demagogicamente. O texto estabelece uma relação com o público; olha para o público, fala com o público – mas eles não têm que fazer nada. O Daniel McIvor é ator, autor e diretor, então ele tem uma experiência em teatro. As três camadas têm marcação de atuação e de luz, para ajudar a não ter dúvidas em que camada você está. Não tem confusão, tem interpenetração entre as camadas.

Você achou arriscado trazer uma peça complexa de um autor estrangeiro desconhecido para ser montada no Brasil?
Eu vi a peça montada em Nova York num teatro pequeno. Mesmo sendo complexa e em inglês, na hora eu disse: “Que legal!”. É um jogo muito interessante de dramaturgia com atuação, muito vivo. Fiquei muito engajado na peça como espectador. O trabalho que eu faço normalmente é bem experimental, Essa peça, mesmo com essa estrutura aparentemente complexa, é para um público amplo. Não tive medo de ser esquisito, complexo, é uma peça emocionante, divertida, ela não assustaria, não é a mitificação de uma coisa que é hermética. Eu não confudiria isso com uma peça popularesca ou – vou exagerar - “comercialóide”. É sofisticada, te convida a se sensibilizar.

Na impossibilidade de fazer uma sinopse – já que você prefere não revelar muitos detalhes – qual você diria que é um atrativo que essa peça tem?
[Risos] Tudo o que foi dito da peça, os comentários, as críticas, é hiperlativo. A gente teve uma carreira muito boa [no Rio], os atores são incríveis, o texto é inédito (o Daniel McIvor nunca foi montado no Brasil) e especial, e é muito divertida.

In On It
Quando: sextas às 21h30, sábados às 21h, domingos às 18h (de 15 de janeiro a 28 de março)
Onde: Teatro FAAP (Rua Alagoas, 903, Higienópolis; telefones:  3662-7233 e 3662-7234)
Quanto: R$ 40 (sex e dom) e R$ 50 (sáb)

 

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