Casa das Rosas
Sábado passado eu e Antonio Cícero, esse magnífico poeta, ensaísta e compositor, fomos convidados para Sarau poético e musical na Casa das Rosas da Avenida Paulista. É o primeiro Sarau que participo. Estava tranqüilo, mas temia não agradar com minha fala e poesia tosca. Aquela Casa me encantou desde minha infância. É um mito de beleza para mim. Havia várias casas como aquela por ali, mas seu jardim era tão fabuloso que acabou por justificar fosse a única preservada.
Tenho escrito essas poesias no Blog, mas jamais dei muita importância. Quando a Professora Denise Carrascosa deu a idéia de montar um livro com aquelas poesias, me espantei. Mas ao passar os olhos pelos textos, percebi o valor que ela dava a eles. Isso me incentivou. Procurei em meus cadernos de anotações pedaços de poesias. Havia muita coisa. Ao final eu tinha um livro de fato com 160 textos. Não publiquei, falta editora interessada. Mas já rendeu convite para esse Sarau.
Sentamos à frente de microfones e o apresentador iniciou uma série de perguntas. O poeta, com aquele modo de parecer fora de cena, desfocado, falou baixo e com cuidado. Na minha vez já comecei brincando com a platéia (casa cheia, tinha até gente de pé) e respondendo com energia e força. Acho que ficou legal por conta disso também: um intimista, coloquial e outro meio que rasgando, botando a voz para fora.
Depois António Cícero disse três de suas poesias. Muita delicadeza na forma e profundidade no conteúdo do que dizia. Na minha vez, ciente que poeta ali era ele, disse as minhas três poesias com todo ênfase que fui capaz. Lógico, para compensar. Não dava nem para pensar em competir. Depois declamei uma dele e ele uma minha. Minha poesia ficou linda na voz do poeta, adorei!
O grupo musical “Memórias de um Caramujo”, com um repertório todo autoral, mesclou influência em arranjos cheios de poesia e muito humor. Ainda dissemos poesias ao som do grupo musical e logo o sarau foi aberto aos poetas presentes. Apareceu cada poesia linda... Umas tenebrosas que falavam em sangue; outras doces e delicadas que falavam de flores e amores.
Ganhei um monte de livros de poesias. É costume nos saraus os poetas se presentearem com seus livros. Eu não sabia, não havia levado nada. O aplauso foi de pé e por vários minutos. Senti que era sincero, vinha direto ao coração.
Foi então que pela primeira vez em minha vida senti que estava fazendo arte. Houve pessoas afirmando que fomos a melhor dupla de poetas que se apresentou na Casa. Lógico, não acreditei, mas senti que falavam do coração. O povo saiu de lá mais leve. Rimos, brincamos e quase choramos juntos. Havíamos causado emoção e produzimos um bom espetáculo. Eu estava feliz!
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Luiz Mendes
19/08/2010.