Os outros não são nossos limites

por Luiz Alberto Mendes

LIMITES

 

Vivemos lutando contra pessoas qual elas fossem nossos limites. Tentamos escapar aos outros para preservar nossos tesouros. Como se aceitando alguém, estivéssemos abrindo brechas em nossa segurança pessoal.

Amar alguém é como se procurássemos a dor. Tanto sofremos e apanhamos por sermos ingênuos, puros e naturais em nossa manifestações emocionais que hoje evitamos expor nossos sentimentos.  Foram tantos abandonos, decepções e ridículos que protagonizamos que parece, só isso existe, mais nada.

Mas somos imensos demais para nos bastarmos a nós mesmos. E que para superarmos as contradições que nos são próprias, em vez de afastamento, carecemos de coragem para nos aproximarmos mais dos outros.

Houve quem escrevesse que o inferno são os outros, tentando fazer entender que a relação com os outros inferniza nossas vidas. Eu já escrevi que, se o inferno são os outros, o céu são eles também no que podem nos trazer de alegria e felicidade. Depois ultrapassei tais conceitos ao avaliar que, o inferno é a ausência dos outros.

Assim como as pessoas nos decepcionam, nós também os decepcionamos. Pensadores afirmam que esses são fatos de nossa condição humana. Nascemos dos outros. Aprendemos quase tudo o que sabemos (a falar, comer, vestir, ler, escrever...) com os outros, mas não sabemos o valor de coexistirmos com as pessoas. É o outro que nos transmite a condição humana. Somos herdeiros de toda a espécie humana que existiu antes de nós. Somos um imenso reservatório de passado.

Os sentimentos que conquistamos naqueles que nos amam, é o nosso maior tesouro. No livro “O Poderoso Chefão”, quando alguém fala a Dom Corleone que ele é rico, o poderoso homem responde que não; não é rico, e sim possui muitos amigos. Quer dizer que riqueza amoedada não possui tanto valor. Há milênios houve quem dissesse que a traça come e o ferrugem destrói. O que importa de verdade são contatos e boas relações. O que fica de nós quando morremos, além dos sentimentos que cultivamos nas pessoas que nos amam ou muito pelo contrário? Nada.

Penso no que seria de mim se não existissem pessoas que acreditaram em mim e me apoiaram em minha readaptação ao mundo, após cumprir mais que a pena máxima do país? O meu limite não esta nas pessoas. A outra pessoa é aquela que me chama para além dos meus limites individuais, amplia e expande meu espaço. Nossa vida não é uma conquista solitária. Antes é uma aventura coletiva no universo.

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Luiz Mendes

06/06/2013.

 

 

 

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