Não tem nada mais cansativo do que conviver com a lei da gravidade
Caro Paulo,
Dilma emagreceu, fez plástica e nunca foi tão vaiada. Ela deve estar muito infeliz. Não importa quanto você pesa, qualquer peso, neste planeta, é um porre! Não tem nada mais cansativo e trabalhoso neste planeta do que conviver com a lei da gravidade. Os baianos sabem disso, por isso tentam enganar a realidade cantando a beleza de ficar na posição mais confortável para enfrentar esta lei tão imperativa: deitado.
Desde quando saímos da bolsa de líquido na barriga de nossa mãe temos que carregar o nosso próprio peso. E ele vai aumentar durante um bom tempo até que, com a idade, comece a diminuir. E você acha que com menos peso a vida fica mais fácil? Não.
Com a idade, a lei da gravidade vai tornar tudo mais difícil e perigoso porque o prazo de validade do equipamento pesado vai vencendo e aumentando as chances de ele te levar a erros e te derrubar no chão e quebrar seus ossos. É um jogo de perde-perde. Por isso um filósofo pessimista disse que “A vida é uma doença” para explicar o fardo que é ter que cuidar, cuidar, cuidar, cuidar e cuidar do corpo até morrer.
Mas eu não sou pessimista nem baiano nem votei na Dilma. E observo que, apesar de a lei da gravidade levar tudo para baixo, muitas coisas vivas neste planeta tendem naturalmente a ir para cima. Plantas e animais se apoiam na terra sólida e pesada para buscar algo mais leve e etéreo, como a luz, para atender alguma necessidade vital. Design da natureza.
CÉU E TERRA
Duas forças opostas: uma que joga você na horizontal, na terra, na imobilidade, e outra que te põe na vertical, em movimento, na direção do céu, na ação, em busca de algo com menos peso, talvez sem peso. Mistério! Ciência! A doença chata do filósofo pessimista começa a ficar interessante e divertida. Dá até vontade de seguir o conselho do genial biólogo E. O. Wilson: “Poets! Colonize science!”.
Céu e terra, em cima e embaixo, vertical e horizontal. As regras são essas e elevar-se é o jogo. Alguns se elevam tornando-se leves sem perder peso e voam pelo universo afora. Outros se elevam sem se levantar e voam pelo universo adentro. De qualquer forma é a aventura do espírito humano e seu engenho neste planeta.
O importante é se elevar para o peso não pesar. Isto é, a vaia para a Dilma não foi pelo peso que ela perdeu.
Abraço do amigo,
Ricardo
Ricardo Guimarães, 66, é presidente da Thymus Branding. Seu e-mail é ricardoguimaraes@thymus.com.br e seu Twitter é @ricardo_thymus
