Sem roupa nem pudor

por Milly Lacombe
Trip #275

Convidamos a psicanalista e escritora Regina Navarro Lins para bater um papo franco com o casal Deborah Secco e Hugo Moura

Convidamos a psicanalista e escritora Regina Navarro Lins, autora de 12 livros sobre relacionamentos amorosos e que atende casais há 45 anos, para bater um papo franco com os atores Deborah Secco, 38, e Hugo Moura, 27. Juntos desde 2015 e pais de um filha de 2 anos, o casal nos recebeu no apartamento onde mora. “Porra, com certeza vou ter tesão por ela daqui a 40 anos”, diz ele. “É muito louco porque nunca pensei em ser monogâmica”, completa ela

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Regina Navarro. O que mais atraiu vocês quando se conheceram?

Hugo Moura. A coragem

Deborah Secco. A simplicidade.

Regina. Como vocês se conheceram?

Deborah. Vi uma foto dele no Instagram e escrevi falando que ele ia ser meu marido e pai dos meus filhos.

Hugo. Foi [risos].

Deborah. Eu vinha de uma sucessão de relacionamentos ruins e, quando fiz 35, estava muito infeliz; vivendo um relacionamento superenrolado. Decidi terminar com o cara e passei o réveillon de 2014 para 2015 sozinha. Rezava muito pedindo uma orientação e no dia 12 de janeiro lembro de ter ajoelhado chorando, pedindo ajuda. Nesse dia deitei na cama, abri o Instagram e sem querer apertei na lupa do “pesquisar”. Nessa hora apareceram umas fotos dele e fiquei paralisada. Passei duas horas fuçando, tentando saber quem era aquele cara. Vi que era amigo de uma das minhas melhores amigas, a Fernanda, que é também minha personal trainer. Acordei às 6 da manhã no dia seguinte para treinar com ela e falei, apontando a foto: “Como que é o nome do meu marido, do pai dos meus filhos? Como faço para encontrar esse cara?”. E o outro personal que trabalha com a Fernanda falou: “Você não sabe como faz? Segue ele e curte um monte de foto”, e eu fiz tudo isso e fui trabalhar. À noite, fui para casa e chegou uma mensagem dele no meu Instagram: “Vi que você começou a me seguir”. Falamos um pouco e ele disse: “Que coincidência, estive com a Fernanda esse fim de semana e ela falou muito de você”. Aí eu: “Coincidência não, querido, você vai ser meu marido, pai dos meus filhos”. E ele: “Então a gente precisa se encontrar, né?”. Eu: “Vem pra cá agora”. Ele veio, a gente transou e lá pelas 3h30 ele disse que ia embora. Eu disse: “Não vai, não. Olha, acho que você não entendeu: tá vendo esse armário aqui? É todo seu”.

Regina. Você era fã da Deborah?

Hugo. Não.

Regina. E qual foi a sensação que um teve em relação ao outro?

Deborah. Pensei: “Quero isso aqui pra minha vida toda”.

Hugo. Senti isso também, mas não acredito que existe essa pessoa certa. Só que foi uma coisa impressionante como nosso sexo casou.

Deborah. Beijo, sexo, cheiro...

Hugo. Parecia que a gente se conhecia havia milênios.

Regina. Mas como é que vocês resolveram esse primeiro dia em que ele falou: “Tô indo”?

Hugo. Eu dormi com ela.

Deborah. Na primeira semana, já conheci a mãe dele.

Regina. E o que vocês descobriram de novo um no outro depois de um mês?

Hugo. No segundo dia, disse: “Tô indo para Noronha no Carnaval, quer ir?”. E ela: “Quero!”. Ela não me perguntou onde a gente ia ficar, se tinha banho quente, ela simplesmente falou: “Vou”.

Deborah. E a gente ficou numa pousada em que todo dia a privada entupia.

Hugo. Todo dia ela entupia a privada e não tinha vergonha disso, isso me deixou apaixonado.

Deborah. Imagina: todo dia, você acorda para ir ao banheiro, entope a privada e fala: “Amor, entupi a privada”.

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Regina. Quantos anos você tinha, Hugo?

Deborah. Vinte e três e mentiu que tinha 25.

Regina. O que essa relação tem de diferente das outras todas que vocês viveram?

Hugo. A sensação que eu tinha com as outras pessoas era de que eu estava perdendo tempo, mas com a Deborah eu penso: “Ainda tenho tanta coisa pra viver com ela”.

Regina. Vocês vão ter mais filhos?

Deborah. Sim, mas a gente não sabe se adota ou se tem.

Regina. Que pergunta vocês querem fazer um ao outro?

Hugo. Você acha que daqui a 40 anos ainda vai ter tesão em mim?

Deborah. Eu não sei como é o corpo de uma mulher daqui a 40 anos, vou estar bem velhinha [risos].

Regina. Mas ele quer saber se você vai ter tesão por ele.

Deborah. Eu acho que vai ser impossível não ter tesão por você.

Regina. E você acha que vai ter tesão por ela daqui a 40 anos, Hugo?

Hugo. Porra, com certeza.

Regina. Vocês já tiveram alguma briga?

Deborah. A gente teve um desentendimento na época da gravidez, eu fiquei muito ciumenta.

Regina. Vocês têm um pacto de exclusividade?

Deborah. Sim, e é muito louco porque nunca pensei em ser monogâmica.

Hugo. Eu também não.

Deborah. É uma coisa que, se vier a acontecer, a gente vai conversar. Somos muito abertos um com o outro. Mas quando a gente brigou durante a gravidez, tive certeza de que precisava contar para ele quem eu era. Sempre fiz aquele papel de: “Não fui tão piranha assim”. Mas para ele eu falei: “Cara, olha, eu dei muito, sim, saí com mulher, sim, e é essa a minha vida. Eu te amo, sou uma pessoa massa e tô a fim de ter uma família”.

Regina. Vocês transaram na gravidez?

Deborah. Muito, mas eu achava que ele me queria só porque já me amava.

Hugo. Ela achava que eu estava com pena dela. Imagina isso.

Regina. Mudou muita coisa depois que a Maria nasceu em relação ao tesão?

Hugo. Não.

Deborah. Mudou a relação com o tempo. A gente trepava dez vezes por dia, agora a gente trepa uma vez, dia sim, dia não.

Hugo. [Risos].

Regina. O que é importante para uma relação amorosa?

Hugo. Sinceridade.

Deborah. Liberdade e sinceridade.

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Imagem principal: Bispo

Bispo

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