Luiz Mendes: ”Conheço poucas grandezas maiores que entregar a um jovem o mundo letrado”
Há momentos na vida da gente que são muito alegres e felizes, né? Eu os tenho também. Um dos que mais gosto e tenho tido a felicidade de repeti-lo quase todo ano, é o lançamento de livros pessoais. Para começar, tenho pessoas queridas que me seguem. Pessoas que me acompanham, compartilham, vão a quase todos os meus lançamentos, lêem o que publico no facebook e alguns ainda me honram com suas leituras nos blogs e coluna. Depois, as pessoas mais próximas a mim, familiares, filhos, companheira e amigos. Daí entram os amigos novamente. Muitos vêm só para darem um abraço mesmo e prestigiarem meu trabalho. Outros gostam do que escrevo e vêm (curiosos) para conhecer, saber alguma coisa de mim e obter um autógrafo exclusivo.
Desce o vinho, os salgadinhos e a coisa começa a animar. Muitos dos meus amigos são amigos entre si também e aproveitam para atualizarem a conversa. Vende-se livros e tal. Não sei por que, sempre volto os olhos para meus filhos presentes. É uma curiosidade imensa saber o que pensam a respeito daquilo tudo. Sei que ficam surpreendidos, já que estavam acostumados a verem o pai preso. Passam pessoas conhecidas, artistas globais, repórteres e escritores consagrados e eles olham, olham, sem entender. Agora que são adolescentes e entendem melhor, olham mais e comem menos.
Um outro bom momento é quando algum texto nos blogs, na coluna ou algum post meu nas redes sociais bate índices de acessos. Acho que minha vida toda é envolvida com o que escrevo, falo e penso. Aí está meu prazer, minha finalidade, meu meio de relação com o mundo e minha satisfação em existir. Gosto de fazer e aplicar projetos educativos e culturais também, mas não tenho formaturas, não tinha tempo para isso. Estava apaixonado pela literatura, desesperado por ler, absorver como uma esponja tudo o que os livros me pudessem trazer. Tenho mais de 40 anos de leituras, estudos, pesquisas e, infelizmente, apenas algumas poucas experiências. Alguns consideram que elas são importantes porque também consigo conversar com profundidade sobre o que escrevo.
Conheço poucas grandezas maiores que entregar a um jovem o mundo letrado. Quando isso vem sob pedagogia leve, humana, com dinâmicas e o professor ciente da responsabilidade de conduzir e dar voz, é como se um sol entrasse pela janela com sua luz e calor. É um dos mais antigos e profundos encontros humanos possíveis. Os mestres e seus discípulos. Alguns mestres vêm ensinando há milênios, como Aristóteles e Platão, com milhões de discípulos o tempo todo e no mundo inteiro.
LEIA TAMBÉM: Todas as colunas de Luiz Mendes
Às vezes, tudo me sabe a vaidades. A vaidade de escrever, de falar, de lançar livros, de poder fazer algum sentido (se é que faço). Quando sinto prazer em lançar um livro novo e receber meus amigos também é vaidade minha. Sim, é vaidade também, mas não tão somente. Há uma preocupação em mostrar um mundo real que a mídia glamorizou, mentiu, interferiu, ou arrasou. Há em mim uma agonia, um desespero para que as pessoas pensem antes de agir impulsivamente. E, principalmente, sintam! Sintam o quão deliciosa, saborosa mesmo, pode ser a vida de uma outra pessoa para nós.
De verdade, eu conto com isso. Conto com a vitória do ser humano. Ele há de perceber o quanto é maravilhoso, fantástico e genial pode vir a ser o que quiser e que isso só depende de seu esforço. Acho que daí para a frente nasce o homem social, aquele preocupado com a causa de todos.