O judoca Flávio Canto, a missionária do Médicos sem Fronteiras Ionara Rabelo e o argelino Abdel Sellou se reuniram em Belém para falar sobre empatia
Em um contexto de guerra, pré-conceitos e desigualdades – social, de gênero, de direitos – uma palavra surge, como um grito de socorro, mais atual e necessária do que nunca: empatia. O exercício de se colocar no lugar do outro nunca foi tão importante e urgente. E foi para compartilhar suas histórias de vida e de respeito pelo outro que o judoca Flávio Canto, a missionária do Médicos Sem Fronteiras Ionara Rabelo, o argelino Abdel Sellou, além de quatro funcionários do Banco do Brasil, subiram no palco do Theatro da Paz, em Belém, na segunda etapa do Inspira BB de 2018, que teve como tema "Vamos trocar de lugar?".
No evento, que homenageou o maestro Tom Jobim, o ex-atleta Flávio Canto usou o judô para refletir sobre a importância do ato de se levantar depois de cada tombo ou derrota que sofremos – mais importante do que cair é levantar. Canto falou também sobre a necessidade de enxergar toda e qualquer pessoa como potência, e lembrou uma lição importante que aprendeu ao longo dos 18 anos do Instituto Reação, de que é presidente: "passado não é destino".
A psicóloga Ionara Rabelo, do Médicos Sem Fronteiras, emocionou a plateia ao lembrar da experiência que vivenciou ao brincar de massinha com crianças moradoras de uma cidade alvo de bombardeios, e que eram obrigadas a se refugiar em cavernas. "Elas destruíam as massinhas, e não conseguiam dar forma a nada. Depois de alguns dias, elas só conseguiam reproduzir animais e cochos, pois era tudo o que conseguiam ver durante o dia", contou.
Depois de encenar um trecho do clássico "Grande Sertão: Veredas", de Guimarães Rosa, o ator Luiz Carlos Vasconcelos propôs uma reflexão ao afirmar que "para entender o outro, é fundamental conhecer a si mesmo e enfrentar as próprias sombras", e citou ainda o imperador romano Justiniano, que disse que três quartos dos conflitos do mundo se diluiriam se um se colocasse no lugar do outro.
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Quatro funcionários do Banco do Brasil, como é tradição no evento, foram selecionados para compartilhar com a plateia suas histórias de vida comoventes e inspiradoras. Juliana Braga usou uma situação cotidiana protagonizada pelo filho para explorar a importância de se colocar no lugar do outro. Órfão de mãe aos 5 meses, Wanderson Correa também usou sua relação com a filha para ilustrar o aprendizado que teve ao reinventar o amor. Paulo Henrique Siqueira deu uma lição de empatia ao compreender a dor de sua mãe: inconformada com o acidente que o tornou paraplégico. E, por fim, Suellen Mascaro ressaltou que gentileza, empatia e acolhimento é bom, e todo mundo gosta, precisa e merece. No Brasil e em qualquer lugar do mundo.