por Cirilo Dias

Como Num Filme Sem Um Fim, segundo disco da banda gaúcha Pública, cai na internet

No final de 2006, o mercado da música independente foi surpreendido por mais uma banda de rock gaúcho. O nome Pública não era dos mais atraentes, mas o clichê “não julgue um livro pela capa” fez-se valer e o grupo conseguiu arrancar elogios da mídia e ainda figurar nas listas de melhores do ano com o álbum Polaris, lançado pelo selo paulista Mondo 77.

Agora, Pedro Metz (voz e guitarra), “Guri” Assis Brasil (guitarra), João Amaro (pianos e rhodes), Cachaça (bateria) e Guilherme Almeida (baixo) enfrentam o desafio de superar a fama da estréia com o segundo disco, Como num filme sem um fim, disponibilizado aos poucos via MySpace, e que tem previsão de lançamento no começo de fevereiro, junto com o documentário Casa da esquina 23, que mostra o processo de gravação do disco.

O vocalista Pedro Metz conversou com a Trip por e-mail, e fala sobre a expectativas e a relação da banda com a internet.

Trip - O disco Polaris figurou entre os melhores quando lançado, e você foram considerados banda revelação e artista do ano em várias listas. Existe uma certa expectativa ou cobrança com o novo disco?
Pedro Metz - Existe. Expectativa de conquistar espaço no cenário, de ser uma banda bem comentada, de agradar ao público que já nos conhecia, mostrar nossa evolução. E a cobrança existia na época em que estávamos gravando, uma cobrança interna, até individual, de fazer um disco importante. Mas nada demais, estávamos à vontade para trabalhar bem.

Como num filme sem um fim foi lançado de pouco em pouco virtualmente. Porém, o disco inteiro vazou na internet antes do lançamento oficial. O que vocês acham disso? Tem ideia de como ele foi parar na internet na íntegra?
Vou explicar como ele foi parar: no final do ano fizemos uma parceria com o myspace, para colocar o disco para audição por uma semana e apresentar as músicas novas. Só que não sabíamos da existência de um site que baixa as faixas do myspace. Começaram a divulgar na nossa comunidade do Orkut os links pro rapidshare e deixamos. A internet sempre ajuda. Colocamos o disco para vender no começo do ano numa loja em Porto Alegre e por um e-mail da nossa produtora, e está indo muito bem. Todo mundo que compra já havia escutado. Na próxima semana o disco entra inteiro no nosso site, com encarte e tudo, para ser baixado gratuitamente.

O clima de nostalgia está bastante presente no disco, (“Sessão da tarde”, “Há dez anos ou mais” e “1996”). Essa temática foi proposital ou foi algo natural?
Natural. É uma característica que a Pública trás desde suas primeiras demos. Mas na minha opinião não é uma nostalgia lamentosa. É uma nostalgia que resgata imagens que foram importantes e que nos transformaram em quem nós somos hoje. É tipo uma homenagem ao passado pelo nosso presente.

Como foi que surgiu a idéia de lançar o filme Casa da Esquina 23?
Em março do ano passado estávamos editando um clipe na produtora Baxada Nacional e faltava um mês para começarmos as gravações do disco. Eles nos propuseram uma parceria para registrar o processo. O estúdio seria uma casa num sítio em Três Coroas, interior do Rio Grande do Sul, completamente no meio do mato. Achamos que seria ótimo para a banda. O filme é vendido juntamente com o disco, CD + DVD, o que hoje em dia faz diferença. A Baxada teve liberdade total para filmar, editar, fotografar... a banda não teve envolvimento com a parte criativa, para o bem do documentário. Só vimos pronto.

Qual a principal diferença entre o primeiro disco e este?
Acho que não tem uma grande diferença. É uma evolução natural, melhoramos um pouco em cada aspecto. Este tem uma produção mais acertada, mais redonda, mais ainda assim intensa. O primeiro era mais porra loca, tudo era novidade. É difícil responder esta pergunta, porque na essência eles se parecem.

Vocês pretendem sair em turnê pelos festivais?
Pretendemos. Em 2007, após lançar Polaris, tivemos ótimas experiências pelo país. Tocamos em vários festivais. Ficamos 2008 inteiro no RS, trabalhando no disco. É hora de mostra ao público o resultado disso. Mas claro que os festivas tem que nos querer também!

Existe algum segredo que faz a maioria das bandas de rock gaúchas se destacarem das outras do restante do país?
Acho que quando tu diz destaque, que dizer diferença na sonoridade, e não sucesso. Correto? Porque comercialmente o Rio Grande do Sul é fraquíssimo, só a Cachorro Grande e a Fresno se mantem na mídia nacional. Em relação à sonoridade, acho que é porque gostamos muito de música, de rock especialmente. As cenas daqui sempre foram marcadas por uma rivalidade sadia, mas importante para elevar o nível.
Temos bandas de todos os tipos e sempre tem uma boa dentro de cada segmento. Acho que o recife é uma cidade que tem uma manha que nós não temos: eles tem ótimos artistas e conseguem se impor nacionalmente. Pensam mais no campeonato brasileiro que no regional. Aqui é um gauchão brabo. E nós queremos jogar o brasileirão!

 

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