Tive um daqueles sábados de muito ouro, quando todo mundo fica ali, fazendo massagens, alguém sente saudade e alguém chora, tem um pulinho no mar, tem uma garrafa de vinho
Outro dia, fiz um takeover no Instagram na Trip. Foi um daqueles dias de muito ouro, daqueles que acontecem quando você convida as suas musas para tomar café da manhã, quando todo mundo fica ali – colocando o pé atrás da cabeça como se não fosse nada, fazendo massagens, alguém sente saudade e alguém chora, tem um pulinho no mar, tem uma garrafa de vinho aberta, tem frutas e hortelã fresca, tem água com limão-rosa, tem mulheres que não se conheciam e que agora são amigas.
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Tem a Lucia, que acordou na cama dela se espreguiçando no sol. Tem a Cris, com o cabelo rosa voando ao vento. A Camila, a minha musa eterna na dança, que foi Trip Girl em março, passou em casa, mas me mandou uma mensagem antes: "Autumn, posso trazer uma amiga?". E a menina que chegou era uma paraguaia de olhos enormes, a Bruna, musa mesmo, as duas fazendo balé na sacada. E chega a Karla, a minha nova professora de ioga no Rio, uma mexicana de 22 anos com cabelo até o bumbum que não fala português e tem olhos serenos e curiosos, que todo dia de manhã me ensina a ser mais aberta.
Se abrir não é só se alongar, mas também abrir o coração, o peito, as pernas, tudo. Mas quando falo que ela te abre, não significa que ela te abre lentamente e com fofura, com toque de borboleta: ela senta por cima das suas costas como se fosse uma pedra afundando no mar. (Em outras palavras: eu me levanto todo dia às 5h30 para ir à aula dela e ser rasgada ao meio.) Quando Karla encosta em mim, lembro sempre daquelas imagens de crianças ginastas na Rússia, chorando de tanto se alongar. Só que tenho 33 anos e não sou russa nem tenho mais idade para ficar chorando todo dia.
E daí: tem sábados para chorar, sim, ou pelo menos tem sábados em que você desperta as lágrimas de uma mulher linda com um toque suave, e você lembra o tamanho do poder que tem nas pontinhas dos nossos dedos.
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