Especial 32 anos de Trip: Conexão

por Redação

Selecionamos as imagens, ideias, reportagens e personagens que refletem nossa visão sobre o que existe da epiderme para dentro

Neste ano, em que celebramos o 32º aniversário da Trip, decidimos selecionar imagens, ideias, reportagens e personagens que, ao longo dessas décadas, traduzem com graça nossos temas de interesse e nos ajudam a clarear o olhar da revista para o mundo.

São 12 os pilares que fundamentam nosso projeto editorial: Corpo, Alimentação, Trabalho, Sono, Teto, Saber, Liberdade, Biosfera, Conexão, Diversidade, Acolhimento e Desprendimento. Foi um mergulho prazeroso e profundo em nossa história.

Todo este conteúdo foi acrescido de informações e novas entrevistas com personagens que protagonizaram passagens importantes da trajetória da Trip. Seguimos sempre em frente.

1987 | #6

Onda orgástica

Por Dr. José Ângelo Gaiarsa | Foto de Woody Woodworth

O verdadeiro prazer não está na explosão: está no limiar, no último centímetro do autocontrole. Com uma companhia nos braços ou uma prancha nos pés, o ser humano pode experimentar sensações de intensa satisfação. E esse sonho do prazer sem fim tem nome: tantra. À medida que aprendemos a ampliar o contato erótico com outra pessoa vamos, no mesmo ato, ampliando e aprofundando nosso contato vivo e prazenteiro com tudo o que existe. Esta é a filosofia tântrica.

A precipitação, tida como fúria do macho incontrolável, na verdade é medo de perder o jeito ou ficar de pinto mole! Importante é manter-se deslizando interminavelmente na beirada da onda orgástica – sem perder o equilíbrio, sem cair na ejaculação e sem perder a onda.

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E agora?

O psiquiatra que escreveu este artigo, dr. José Ângelo Gaiarsa, clinicou por mais de 50 anos e publicou mais de 30 livros com viés libertário sobre temas como sexo, relacionamentos e família. Apresentou um quadro no programa Dia a dia, da Bandeirantes, em que tirava dúvidas do público a respeito de sexo. Morreu em 2010, aos 90 anos.

2010

#190 | Tema: Gurus & mestres

Sexo evangélico

Por Millos Kaiser | Foto de Arquivo pessoal

Até aonde vai o amor divino? Para o grupo Meninos de Deus, até a cama. O movimento religioso, fundado pelo guru David Berg e com forte presença no Brasil, misturava cristianismo com amor livre e usava o sexo como forma de evangelização. Hoje [2010], conhecido como A Família, mudou completamente – mas as polêmicas permanecem.

Surgido na Califórnia em 1968, o movimento religioso misturava cristianismo radical com ideias nada ortodoxas. Para Berg, falecido em 1994, o amor de Deus era sua maior dádiva e, como tal, deveria ser posto em prática sempre que possível. E de forma literal: Berg (também chamado de Mo, Pai David ou simplesmente Papai) estimulava o amor livre entre seus seguidores, independentemente do estado civil.

Mais que isso, as relações sexuais eram uma maneira de “incentivar a união e combater a solidão dos necessitados”, o que era chamado de sexo sacrifical. Ele também era utilizado como forma de evangelização, sob o nome de flirty-fishing, que encorajava mulheres a prostituírem-se em nome do amor divino.

No Brasil, os primeiros Meninos de Deus apareceram em 1973. Eles rapidamente multiplicaram-se por aqui, impulsionados pelo sucesso da banda Meninos de Deus, formada por músicos brasileiros e estrangeiros – entre eles, o guitarrista Jeremy Spencer, que abandonou a banda Fleetwood Mac no auge do sucesso mundial para servir a Deus.

E agora?

A Family International, como a organização é chamada hoje, articula trabalhos voluntários em hospitais, orfanatos e abrigos – e não tem mais o sexo livre entre seus preceitos. “A FI existe como uma pequena comunidade virtual com menos de 1,8 mil membros dispersos em 80 países”, explica Carol Cunningham, Secretária de Assuntos Públicos Internacionais da Família. Até o fim de 2017, havia aproximadamente 150 membros no Brasil. 

2012

#215 | Tema: Os novos significados de trabalho

Ponto de mutação

Texto e foto de Paulo Lima | Ilustração Adams Carvalho

O que acontece quando um dos empresários mais conhecidos e poderosos do país, aos 75 anos e em plena transição pessoal e profissional, se encontra com um jovem paulistano que virou monge budista aos 12 anos? Abilio Diniz e o monge Lama Michel Rinpoche (saudado como a reencarnação de altíssima linhagem de um mestre do budismo tibetano) estiveram frente a frente para uma conversa franca sobre negócios, religião e a própria existência. “Nosso encontro nasceu, entre outras razões, porque venho tentando entender o que existe depois da morte”, disse Abilio. Lama Michel devolve: “A melhor preparação para a morte é viver bem a vida”.

E agora?

Em 2016, Abilio lançou o best-seller Novos caminhos, novas escolhas e, neste ano, deixou o conselho da BRF (que detém marcas como Perdigão e Sadia). Como conta em palestra, está focado em envelhecer bem e tocar negócios menores. Lama Michel foi homenageado pelo Trip Transformadores 2015. Há 12 anos, mora na Itália com seu mestre e orienta diversos centros budistas pelos mundo.

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