Documentário Dogtown and Z-boys, a história do skate moderno

por Redação

Califórnia, EUA, meados dos anos 70. Alí nascia o skate

Píer de Santa Mônica, Califórnia, EUA, imagens colhidas em 8 mm em meados dos anos 70 registram a destruição causada pela passagem de um furacão. O tradicional parque de diversões ali instalado, transformado em um único e gigante castelo mal-assombrado, e altas ondas rolando ao lado da plataforma.

Assim começa o premiado documentário Dogtown and Z-boys (melhor direção e escolha da audiência em documentário no Sundance Film Festival), que apresenta a história do skate moderno a partir do Zephyr Team, uma equipe que incluía nomes como Stacy Peralta, diretor do filme, Tony Alva, ainda na ativa, Jay Adams, hoje vivendo no Havaí, entre outros.

Surfistas da região de Santa Mônica e Venice, eles conviviam com a impossibilidade de praticar o esporte depois de certa altura da manhã, quando o vento comprometia a formação das ondas. Aderiram ao skate e foram os responsáveis por combinar a suavidade dos movimentos do surfe de então com a agressividade do skate, influência que segue até os dias de hoje.

Uma premiere do filme fez parte da programação do 1º Congresso Brasileiro de Skate realizado há três semanas e que reuniu atletas, preparadores físicos, técnicos, editores, empresários, entre eles palestrantes como o campeão do circuito mundial de 2000, Bob Burnquist, o anarquista, Tony Alva, e o filho do fundador da Vans, patrocinadora do documentário, Steve Van Doren.

Numa antiga unidade têxtil em São Paulo, hoje transformada em universidade, o foco da agenda foi a profissionalização do esporte ("sem perder a atitude"). O belo cenário acadêmico era apenas mais uma evidência da positiva iniciativa da recém formada Confederação Brasileira de Skate.

Mas pouco, ou nada, de novo se ouviu. Enquanto os palestrantes discorriam sobre profissionalização, em rodas de papos informais atletas afirmavam que se recusariam a participar de uma competição caso tivesse que vestir a camiseta do patrocinador, na qual se percebe a tal "atitude". É certo que os atletas têm seus motivos para essas, digamos, insubordinações. São mal remunerados, os prêmios são ruins, arriscam o pescoço geralmente sem um seguro decente, em pistas ruins, em eventos mal organizados, e por aí vai.

E a revolta deve aumentar quando se percebe o momento favorável que o esporte atravessa, talvez o maior já vivido no país. Os campeões mundiais são brasileiros (vivem no exterior), frequentam o talk-show do Jô Soares; pistas de qualidade são abertas aqui e ali, a maior delas será montada no mês que vem no parque do Ipiranga para um grande campeonato da Red Bull; a TV Globo bate recorde de audiência no horário com skate ao vivo; o garoto da novela das sete ganha um skate como incentivo à recuperação da perna quebrada, e na publicidade, até panela está sendo vendida como apelo do skate.

A principal "atitude" que pôde ser constatada no Congresso, foi mesmo a sua realização. Que ele sirva de marco para uma constante participação da comunidade na discussão do esporte, sob pena de, no futuro, de tudo isso, somente o grande documentário norte-americano ser lembrado.

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