por Redação

Conheça a esquerda incansável da Ilha de Lombok em crônica do e-book Alma Guerreira do surfista Octaviano Bueno, o Taiu

Existe um lugar no planeta para quem gosta de surf e aventura chamado Desert Point. Situado na Ilha de Lombok, Indonésia, ali a onda é uma esquerda incansável, não fecha e o inside é uma bancada perfeita de uns 500 metros de tubo.Desert Point é distante, cheio de malária e não tem nada na praia, a não ser cultura de algas marinhas. O melhor a se fazer é explorar as ondas do reef de barco, porque em terra tudo é muito primitivo.Quando estive lá, fui por terra e fiquei acampado em frente ao point. Dei sorte de encontrar seis pés sólidos quebrando perfeitos. A chegada por terra é no final da esquerda, e o visual da caminhada, só tubos com baforadas...Chegando em frente ao pico, alguns brasileiros já estavam na água. As ondas eram só paredes e tubos longos no inside. Saí correndo imediatamente para a água segurando a minha única prancha, uma Pat Rawson 6'5'', tão boa que me fazia sentir invencível surfando.No outside, já nervoso por pegar uma e me divertir também. Logo quis me posicionar no inside embaixo do pico. A maré estava enchendo naquele momento. Tive uma surpresa... Veio uma tremenda onda fechando com uns três metros de tamanho na minha cabeça. Nem pensei duas vezes. Soltei a prancha e mergulhei. A prancha esticou e eu senti a cordinha arrebentar como um barbante.Fiquei sem prancha, nadando, antes de ter surfado qualquer onda...Quando levantei nadando e olhei para a minha prancha na onda indo embora, eu não acreditei no que via. Era ela pulando em dois pedaços.Minha única prancha!!! Tô perdido. Pensei.Saí desesperado do mar. Estava tão longe da civilização, num lugar com altas ondas e sem prancha...Vi o quanto estava marcando por estar só com uma prancha. Em último caso, surfaria de peito ou jacaré...Na praia, o Leandro, um brasileiro que estava lá, me emprestou uma de suas pranchas Byrne, o que me possibilitou um surf da melhor qualidade imaginável existente.O mar subiu para oito pés e as ondas não paravam de rodar... Tento descrever a cena desse lugar, mas as palavras são pequenas perto da perfeição e da mágica lá encontradas. Como aquelas ondas, não existe nada igual. Se um dia você puder esticar até lá, lembre-se deste nome - Desert Point.

Leia também a primeira crônica, Épocas e Manias

Nas próximas duas semanas, publicaremos mais duas crônicas do livro Alma Guerreira, de Octaviano Bueno, o Taiu, surfista profissional que sofreu um acidente nas ondas do litoral paulista e ficou tetraplégico. O e-book está à venda no site Klickescritores

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