Falem mal, mas não me ignorem
É difícil escrever essa coluna. Me sentia solenemente ignorado por vocês. Isso mudou: quando uma avalanche (para os meus padrões) de respostas invadiram o canto de baixo da tela, a maioria me xingando. Acabei padecendo de uma certa síndrome Diogo Mainardi. Fiquei feliz: antes falarem mal, do que ser ignorado.
O engraçado foi que fui chamado até de fascista por falar bem de algo que falo mal todos dias: minha faculdade. O problema foi então escrever a coluna seguinte. Iria falar do que? Algo para falarem mal de mim de novo e assim me sentir prestigiado pela atenção dos internautas, ainda que raivosa?
É difícil escrever para a TRIP, tudo parece tão inteligente (o que estou fazendo aqui?). Os internautas logo sacaram: alguns me chamaram de fútil. Mas facista, não, facista é a mãe!
O ponto é que fiquei sem escrever um bom tempo até ter essa resposta. Pensei por que leio a coluna dos outros, o que procuro. Na coluna do famigerado Mainardi, busco alguém para falar mal. Já descobri que estou começando a despontar algum sucesso nessa área, ainda que involuntário. Mas preferi investir num outro tipo de coluna, o que eu mais gosto. Aquela coluna que tem uma visão, uma experiência ou um pensamento que só tem lá.
Por isso vou escrever sobre uma experiência muito bacana que aconteceu comigo recentemente. Dei vários passos maiores que a perna. Fui fazer meu primeiro curta metragem, com recursos muito além do que merecia. Misturei um bando de estagiários (como eu) com profissionais de cinema de 1a linha, atores experientes e equipamentos de última geração. Não paguei ninguém, todo mundo trabalhou por tesão e por acreditar na minha idéia.
Agora, meu primeiro filme está saindo do forno (só falta a trilha) e estou com medo de todo esse bando de gente que acreditou em mim. Vai ser difícil não desapontar todo mundo.
Morrendo de medo da estréia, estou de novo com a síndrome Diogo Mainardi: me consolando pensando que é melhor falarem mal do que não falar nada. Fico mais nervoso ainda quando lembro do primeiro filme dele, que sintetiza muito bem essa síndrome.
De qualquer modo, venho pedir penico para vocês internautas. A partir de agora, estou publicando aqui nesse espaço uma série de textos tragicômicos contando todas as trapalhadas do curta. Assim, diversificando, espero que, se não agradar com o filme, tenha uma segunda chance com os textos. Caso contrário, não esqueçam de me xingar mais uma vez no espaço abaixo. Obrigado, pela atenção.