Rafaela
Eu a conheci estudante de Literatura. Ao certo nem lembro como foi, mas de repente ela estava ali me escrevendo todos os dias. Um grude. E era muito legal porque ela é cheia de uma alegria contagiante. Era muito agradável abrir a caixa de entrada do gmail. Ela estava sempre presente com aquela sua vida exuberante de moça, adolescente e menina.
Ano passado fui à Salvador duas vezes fazer palestras e Oficinas. Nas duas ela estava lá presente, me ouvindo incansavelmente. Deve ter ouvido de ferro. Desfrutei de sua generosidade. Revelou-se pessoa extremamente afetiva; dessas que ficam abraçando, alisando, cuidando da gente o tempo todo. Levou-me à praia, estive seus pais e com Rodrigo, seu namorado (gente fina, da melhor qualidade). Conversamos até doer a língua.
O ano todo conversamos por e-mail. Sentia mais que sabia, aquela garota estava destina ao extraordinário. As pessoas perceberiam seu valor iriam querer perto de si. No meio do ano ela me comunicou que daria aulas, era o estágio de seu curso. Em sua tese do curso, ela compara a literatura de Caril Chessman (o “Bandido da Luz Vermelha”), à minha literatura. Sinto-me muito honrado por isso.
Há semanas atrás surgiu a oportunidade de voltar a Salvador a trabalho. Novamente Rafaela esteve em minha palestra e me convidou para outra palestra para seus alunos. Claro, o que eu não faria pela amiga? Dia seguinte ela veio me buscar logo cedo. Levou-me à praia e depois fomos almoçar em sua casa, com seu namorado. De lá nos dirigimos à sua escola.
Descobri que minha amiguinha se tornara a alegria da escola toda. Os adolescentes, seus alunos de 8ª e 9ª séries, vieram todos e nos rodearam no meio do pátio. Ela era a estrela radiante que a todos abraçava e beijava, distribuindo afetividade aos borbotões. Os olhos dos garotos e meninas brilhavam ao seu contato. Ela atendeu a todos, um a um, toda paciente e amorosa.
Fiquei ali assistindo, embevecido. Eu acertara! Meu faro era mesmo bom! E percebi que dali ela alçaria altos vôos, estava apenas exercitando suas asas. E como era bom ser seu amigo! Foi realmente uma grande emoção.
Depois falei. Assim já emocionado, conversei com a garotada por quase duas horas. Ao final eles pareceram aprovar porque vieram todos para cima. Dei autógrafo em cadernos, bloco, folhas... E Rafa ali ao meu lado, trazendo os mais tímidos pelas mãos, dizendo nome e ajudando a formular perguntas.
Apesar do haver me dado bem na palestra, ficou claro que Rafaela era a estrela da festa. Mesmo porque, ela quem propusera, produzira e realizara o evento. Eu estava ali por ser seu amigo. Ela brilhava no meio daqueles jovens, movimentando sua atenção de um e para outro com a maior naturalidade do mundo.
No caminho de volta fiquei pensando em que tesouro era aquela moça. Sentia orgulho dela qual um pai. Porque nós todos não somos assim como ela? Mas esta apenas iniciando-se, como reagira às pauladas da vida? Aposto todas minhas fichas que vai tirar de letra e vencer fácil.
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Luiz Mendes
11/10/2011.