Transformadores e revista Trip promovem debate com Miguel Nicolelis e Contardo Calligaris
Nem a tempestade que caiu repentinamente na segunda-feira à noite afastou um grupo de 300 interessados em “Evolução? Como estaremos nos próximos 25 anos?”, tema do debate realizado pela Revista Trip e Prêmio Trip Transformadores 2011 na sede Private Brokers da Coelho da Fonseca somente para convidados.
Aberta por Paulo Lima, criador da Trip Editora, a noite contou com um encontro inédito entre Miguel Nicolelis, um dos maiores nomes da neurociência mundial, e Contardo Calligaris, doutor em psicologia clínica, colunista do jornal Folha de S.Paulo e escritor, para uma conversa aberta sobre evolução humana. A mediação foi de Ricardo Guimarães, presidente da Thymus Branding, e colunista da Trip.
Lorena Calábria, apresentadora do evento, lembrou da dupla comemoração. Além da edição 2011 do Prêmio Trip Transformadores também eram celebrados os 25 anos da Revista Trip. “Lembro bem dessa época, era uma revista inovadora e continua sendo. A Trip vem cumprindo esse papel de propor perguntas, de enxergar além do horizonte. Graças a essa conexão com o espírito da época, fruto do trabalho de muitos profissionais talentosos, a Trip sempre dá antes”, disse Lorena.
Com visões diferentes sobre o tema do debate, Nicolelis e Calligaris refletiram sobre a vida atual e fizeram uma avaliação dos conceitos de desenvolvimento humano.
“A Trip provavelmente vai poder estar anunciando viagens a outros ambientes mentais”, disse Nicolelis sobre os próximos 25 anos
Nicolelis imagina que no próximo quarto de século, “a Trip provavelmente vai poder estar anunciando viagens a outros ambientes mentais”. Com uma visão mais sarcástico-pessimista, conforme suas próprias palavras, Calligaris imagina explosões esporádicas de intolerância e de racismo. “Quanto mais a cultura ocidental ‘progride’ e quiser impor suas ideias, tanto mais continuará havendo resistência fortíssima a elas”, disse.
Sobre o futuro da espécie humana, Nicolelis falou que ninguém consegue explicar como as máquinas poderiam substituir coisas essenciais e fundamentais da natureza humana. “Evidentemente é impossível. As pessoas que vendem isso estão tentando vender uma ideologia. A ideologia de que o ser humano é substituível. E isso tem toda uma visão do novo capitalismo americano, do ganho definitivo: a substituição do ser humano como moeda de troca da mais-valia”, disse o neurocientista.
Calligaris afirmou: "A nossa espécie não existe, eu nunca encontrei. Existem os indivíduos. Nem os indivíduos e nem a espécie, que não existe, têm a preocupação de se eternizar. É perfeitamente possível que essa nossa espécie não se eternize", ele riu. "É bem provável. É uma coisa um pouco triste."
Perguntados sobre felicidade, Calligaris disse que uma vida interessante inclui viver vários momentos infelizes. "Se para ser feliz eu tiver que renunciar às dores que fazem parte da vida, a felicidade não me interessa. A indústria farmacêutica se apoderou do conceito de felicidade", disse. Nicolelis discordou: "felicidade é a libertação do intelecto".
No fim do debate, Calligaris e Nicolelis concordaram em pelo menos um ponto: que o mundo promete ser melhor nos próximos 25 anos. “O mundo melhor tem grandes chances de emergir daqui, abaixo do Equador. Existe muita coisa aqui que pode mudar o mundo nos próximos anos”, finalizou Nicolelis, ovacionado pela platéia.
"Se para ser feliz eu tiver que renunciar às dores que fazem parte da vida, a felicidade não me interessa", disse Calligaris
Após o bate-papo, os participantes assistiram a um charmoso pocket show com Edgard Scandurra e Bárbara Eugênia interpretando músicas do francês Serge Gainsbourg e foi servido um jantar. Foi sorteado um iPad para os participante que fizesse a melhor pergunta para os entrevistados. O vencedor foi o músico Cícero Tornado, que elaborou a questão sobre felicidade, um dos pontos altos da noite.
O evento contou com a presença de Osvaldo Gomes dos Santos (vice-presidente comercial da Coelho da Fonseca), Leão Serva (jornalista), Pedro Constantino (empresário e um dos sócios da Gol Linhas Aéreas), Lee Taylor (apresentador do Prêmio Trip Transformadores), Rafic Jorge Farah (artista gráfico), Reinaldo Pamponet (presidente do Instituto Eletrocooperativa), Sérgio Motta Mello (presidente do Grupo TV1), Tadeu Jungle (diretor de TV e cinema), Karina Bailone (gerente de Inteligência de Mercado da Havaianas S. A.), Karen Worcman (fundadora do Museu da Pessoa) e Gustavo Giglio (publicitário e editor do site Update Or Die), entre outros.
O debate desta segunda-feira um dos motores de esquenta para o Prêmio Trip Transformadores 2011, que acontece nesta quarta-feira, 26, no Auditório do Ibirapuera, e será exibido pela internet a partir das 21 horas no site da Trip.
O patrocínio da noite foi do Grupo O Boticário e Itaú, além do apoio de importantes parceiros como Audi, Grupo Ink, Estadão, EcoFuturo, Suzano Papel e Celulose, H2OH!, Timberland, AlmapBBDO, Gol Linhas Aéreas Inteligentes e Rádio Eldorado Brasil 3000.