Xuxa jogada às traças

Tpm

por Bárbara Corrêa
Tpm #147

Memorial da apresentadora está longe de exibir a pujança dos tempos áureos

O pórtico cor-de-rosa marca o início da avenida Rio Grande do Sul, via que liga o centro da cidade de Santa Rosa, no interior do estado gaúcho, ao bairro Planalto. A rua já foi decorada com motivos temáticos e invadida por crianças à procura da “Rainha dos Baixinhos”. Santa Rosa é a cidade natal da atriz global, empresária, ex-apresentadora e modelo Xuxa Meneghel. Em sua antiga residência, onde morou até seus 7 anos, hoje se cultiva um memorial em homenagem à carreira e à importância icônica e econômica para a cidade. A casa, uma construção antiga, com mais de seis cômodos, abriga três figurinos cedidos pela produção da empresária e objetos doados por pessoas da cidade, como um bercinho – onde, segundo Anete Krebs, responsável pelo Museu Municipal, Xuxa repousava quando criança. Além disso, há uma cadeira de cabeleireiro infantil, cuja procedência ainda suscita dúvidas pois não há registros de que Xuxa tenha utilizado o artefato na cidade, apesar de sua tia ser cabeleireira e ter cuidado pessoalmente dos cachos da loira.

Doze anos após ter sido inaugurada como memorial, a casa hospeda traças. A decepção dos fãs ao visitarem este cartão-postal santa-rosense é marca registrada. A má conservação do pórtico é o primeiro indício do que está por vir: basta um passeio rápido pela parte externa da casa para se deparar com infiltrações e com a tinta gasta na parede. Ao entrar na casa, os figurinos cedidos pela produção da cantora, datados dos anos 2000, parecem obsoletos.

No início, a ideia era transformar o lugar em polo comercial. “Empresários se interessaram pelo projeto, pois pretendiam lucrar com a Xuxa”, relembra Anderson Farias, secretário da Cultura de Santa Rosa. A casa é mantida com recursos municipais e Xuxa dá de ombros (daria de ombreiras em seus áureos tempos de Xou da Xuxa): em 2002, a Xuxa Produções assinou contrato com a prefeitura delimitando o uso de sua imagem e isentando a apresentadora do compromisso de manutenção do memorial. Sobre o estado das dependências do lugar, principal atração turística da cidade, o secretário de Turismo, Vitor de Abreu, afirma: “A cidade está em dívida com a Xuxa, mas estamos criando mecanismos para cuidar da reforma”.

Só com cachê

A produção da Xuxa entra em contato com a prefeitura de Santa Rosa todo ano para cobrar melhorias. Ela visitou o memorial pela última vez em 2002 e hoje cobra cachê para voltar às origens. Alcides Vicini, atual prefeito, conta que até 2001 não havia nada referente à apresentadora na cidade. O projeto da Secretaria de Cultura e Turismo para a construção de um memorial teve a finalidade de atrair a atenção dela reconquistando seu carinho e tornando o local um ponto turístico. “Nossa cidade deve muito à Xuxa, pois Santa Rosa se promoveu com a imagem dela”, ressalta Farias.

O fato de o memorial servir de homenagem à apresentadora hoje insatisfaz a população, que espera atenção à casa, principalmente dos órgãos públicos, antes que o pouco que ali está exibido seja totalmente consumido pelas traças que habitam o local.

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