A vida, dentro e fora da grande tela, de um dos mais premiados cineastas do Brasil
Que ele é um dos maiores diretores de cinema da atualidade, você já sabe. Que seu novo longa-metragem, Linha de Passe, é um sucesso, também. Mas aposto que você nunca ouviu falar do Walter Salles que faz qualquer coisa pra passar mais tempo com o filho ou que admite ser o mais insensato dos quatro irmãos Salles. Desligue se pager ou celular e boa sessão
"Por que diabos eu acredito que uma entrevista por e-mail, com um cara ocupadíssimo, às vésperas do lançamento de seu filme no Brasil e no exterior, vai dar certo?” Essa pergunta martelou minha cabeça por mais de 15 dias, os que antecederam o fechamento desta edição da Tpm. Mas algo me dizia que ia dar certo. Afinal, o Walter Salles, aquele que tem fama de perfeccionista e workaholic, não ia me deixar na mão. Se ele topou, iria me enviar as respostas. De preferência nada frias, tampouco calculistas – terreno fértil para um papo virtual, sem o olho no olho.
Quando o prazo combinado estava prestes a se esgotar, chega a minha caixa postal um e-mail do cineasta, pedindo desculpas pelos “45 do segundo tempo”. Tudo bem, a Tpm desculpa o limite, a falta de olho no olho e a recusa intermitente de uma conversa pessoal. Afinal, chegou à Redação um Walter Salles que não conhecíamos. Um cara sincero e espontâneo, mesmo tendo, seguramente, pensado muito antes de digitar cada palavra.
Apenas insensato
As respostas que você lê a seguir são do cara que dirigiu Central do Brasil (1998, Urso de Ouro em Berlim), O Primeiro Dia (1998, Grande Prêmio no Festival BR de Cinema), Terra Estrangeira (1996), Abril Despedaçado (2001, Grande Prêmio do Público no Paris Film Forum), Diários de Motocicleta (2004, segundo filme mais visto em língua espanhola nos Estados Unidos, batendo todos de Pedro Almodóvar) e, agora, Linha de Passe – Palma de Ouro de Melhor Atriz este ano em Cannes, em cartaz desde o início de setembro no Brasil e na Europa. O mesmo cara que, em 2003, foi eleito um dos 40 melhores diretores do mundo, pelo jornal britânico The Guardian. O mesmo que, ano que vem, vai dirigir o On the Road e Kerouak, com produção de Francis Ford Coppola.
São também as respostas de um cara que nasceu em uma das famílias mais ricas do Brasil (é filho do falecido embaixador Walter Moreira Salles), que foi educado na França e nos Estados Unidos e que estudou economia na PUC-Rio, para, depois, fazer algo que tivesse mais a ver com ele: cinema. Um homem que, como 99, 9% dos brasileiros, adora carros (foi bicampeão carioca de kart) e futebol (é fanático pelo Botafogo).
Mas essas mesmas respostas são de um cara que viu sua vida mudar completamente depois de ser pai, que acredita que o casamento é uma reinvenção constante e que vive aprendendo com as mulheres que o rodeiam – sobretudo com a artista plástica Maria Klabin, 30 anos, com quem é casado há quatro; e com Daniela Thomas, sua parceira de trabalho e amiga há 15.
A seguir, você conhece o Walter Salles, um cara de 52 anos para quem a qualidade mais nobre que uma mulher pode ter é, justamente, “não se esforçar para ter qualidades nobres”. Um cara que se classifica, na escala de seus três irmãos – Fernando, economista e escritor, que toca o Instituto Moreira Salles; Pedro, presidente do Unibanco; e João, documentarista e editor da revista piauí –, como “apenas o mais insensato”. Acabou o trailer. Começa o filme.
Tpm. Por que você fez questão de me dar esta entrevista por e-mail?
Walter Salles. Pra você não chegar ao fim e pensar: “Que puta decepção”. Sou daqueles que precisam de tempo para pensar. Desse jeito, você pode achar um pouco menos chato, mas só um pouquinho.
Não acha que, assim, a coisa perde a espontaneidade?
Mmhhhh... vamos chegar ao fim, depois você diz.
Daniela Thomas, sua amiga há 15 anos e editora convidada desta edição da Tpm, me disse que você está cada vez mais avesso a entrevistas. É verdade?
O Tim Maia dizia: “Parei de beber, parei de fumar, parei de cheirar, mas ainda minto um pouquinho”. Pois bem: Daniela parou de fumar, não cheira, bebe um pouquinho, mas nunca mente. Ou seja: se ela disse isso, deve ser verdade.
Você se incomoda com as deturpações que a mídia vez ou outra faz do que você fala?
Nada, já estou vacinado. Cannes é um bom exemplo: você participa de 20 mesas redondas por dia, cada uma com uns 10, 12 jornalistas. Sempre fui péssimo de matemática, mas dá mais de 100 entrevistas por dia. Vão todas sair de forma diferente, e é normal que seja assim. Depende do olhar de cada um.
E quando a mídia enfatiza o “herdeiro do Unibanco” para noticiar seus feitos no cinema, muitas vezes em tom provocativo? Isso te deixa puto?
Quando você tem 20 anos e está começando na tua profissão, é algo previsível. Três décadas depois, essa mesma pergunta ou relação fala mais de quem a faz do que de mim. Mas tem uma história legal sobre isso, que aconteceu com a família Guevara na época de Diários de Motocicleta. Quando estive pela primeira vez com eles em Cuba, a viúva e os filhos de Ernesto Guevara sabiam muito bem de onde eu vinha, mas são cinéfilos e preferiram me julgar pelos filmes que eu dirigi, como Central do Brasil. Tiveram confiança, nunca me pediram para ver uma página do roteiro sobre o marido e o pai deles. E eu procurei corresponder a essa confiança. Estabelecemos uma relação de amizade que dura até hoje.
Seus irmãos são muito reservados. O João eu até já entrevistei e ele é muito na dele. Você é, digamos assim, o mais “aberto” da família?
Não. Apenas o mais insensato.
Numa entrevista à Trip, o jornalista Marcelo Tas disse: “O Brasil só vai ser um país decente quando o João Moreira Salles fizer um documentário sobre bancos”. Por que as pessoas se incomodam tanto com o fato de pessoas ricas saírem de seus mundos para retratar outros mundos?
Pra início de conversa, sou fã do Tas. Agora, se a gente aceitasse a tese, não existiria a obra-prima do cinema neo-realista que é Rocco e Seus Irmãos, porque um filme sobre a classe operária não poderia ser feito por um aristocrata como [o italiano Luchino] Visconti. E Pierre Verger não teria fotografado na África e na Bahia. Deveria ter ficado retratando o seu meio, que era a alta burguesia francesa. E assim iríamos: cada classe olhando para si mesma, ad eternum. Prefiro achar o contrário, que a gente só existe e se complementa na diferença, nos outros. Como no sexo. Um movimento artístico que olha para seu próprio umbigo tem nome: rococó. Há quem goste. Eu não. Agora, é evidente que o leque temático do cinema brasileiro tem que se alargar. O cinema da retomada falou daqueles universos que a TV não mostrava nos anos 90. Tá feito, e chegou a hora de olhar para outros cantos.
A Daniela me contou que você tem um verdadeiro prazer em se meter em lugares como lan houses, igrejas evangélicas e botecos da periferia. Isso é mesmo um prazer pra você?
É isso aí: sou muito mais atraído pelo que eu ainda não conheço do que pelo que já conheço. E a Daniela também. É o ponto de interseção que nos permite trabalhar juntos.
Fazer filmes sobre a periferia é uma maneira de investigar um mundo que você não conhece, ou pelo menos não conhecia antes de ser cineasta?
Vou te contar uma história: conheci a Central do Brasil fazendo um documentário sobre [o artista plástico carioca] Rubens Gerchman. Foi ele quem me levou lá pela primeira vez. Anos depois, filmei Central do Brasil. Quando o filme saiu, um homem de seus 70 e poucos anos me parou na rua e disse: “Você fez uma bela homenagem à sua mãe nesse filme. Eu trabalhei com ela na Central do Brasil”. Como minha mãe [Elisa Gonçalves, segunda esposa de seu pai] já tinha morrido, fui perguntar sobre isso para uma tia. E minha mãe tinha mesmo trabalhado dois anos como secretária na Central, logo que chegou do interior de Minas, aos 18 anos de idade. No mesmo lugar em que eu filmei 40 anos mais tarde. Só fui saber disso depois de fazer o filme. Tudo isso para te dizer que mundos aparentemente distantes são às vezes bem mais próximos do que se pensa.
Linha de Passe é sobre o psicológico dos quatro irmãos, daquela família que gira em torno de uma figura feminina: a mãe. Onde você se inspirou pra construir essa mãe?
Algumas idéias de filme nascem de forma límpida, como foi o caso de Central. Outras, por acumulação, como em Terra Estrangeira. Geralmente, lanço uma idéia e a Daniela melhora 100 vezes aquele ponto de partida. A mãe de Linha era, desde a largada, o esteio moral do filme, a mãe e o pai daquela família. Mas as tintas, os meios tons, foram dadas por Daniela e [o roteirista] George Moura. E Sandra [Corveloni, que faz a mãe] ampliou lindamente o sinal, com a ajuda da [preparadora de elenco] Fátima Toledo, que é uma craque...
A mãe do filme é uma figura que faz com que os filhos voltem para um certo eixo quando ameaçam sair dele. Você acredita que as mães funcionam como esse “centro” em algumas famílias?
Sim, conheço e convivo com mães assim. Mas não se deve romantizá-las também... Não é à toa que a mãe de Linha de Passe fuma, bebe e é alegrinha. Está com mais um filho na barriga, de pai desconhecido.
Como era sua relação com a sua mãe?
Conflituosa. A gente se gostava, mas sem saber como.
Quantos anos você tinha quando ela morreu?
Vamos fazer as contas... 1988... 32 anos.
Essa morte deixou alguma marca sutil, ou forte, em você, na sua personalidade?
Boa pergunta para uma psicanalista. Vivi com uma, muito inteligente, por 15 anos. E, como era lacaniana, conta por dois. Trinta.
Você cresceu com três irmãos. Acha que teria sido diferente se tivesse tido três irmãs, ou pelo menos crescido com uma menina?
É difícil falar daquilo que não se viveu. Mas uma coisa é certa: teríamos nos estapeado um pouco menos...
Você e o João são artistas – você mesmo já o definiu, numa entrevista que deu à Trip, como “o intelectual da família”. Como é seu relacionamento com os outros dois?
Eles são tão intelectualizados quanto o João. A relação que temos é próxima, pelos muitos assuntos que temos em comum e pelo afeto mútuo.
É verdade que você é completamente louco pelos seus cachorros?
Réu confesso: adoro cachorros, há algo neles que restabelece o equilíbrio com o mundo. E tenho dificuldade de viver longe deles, agora que saí de um canto perdido da floresta da Tijuca, no Rio, e passei a viver em apartamento. Meu sonho, aliás, é sair da cidade. Não sou muito urbano.
O que a paternidade mudou em você?
Tudo. Você conhece a única forma de amor no mundo que é incondicional. E o resto deixa de ter importância. Cinema era minha paixão maior, a prioridade. Não é mais.
Você consegue me explicar que sentimento é esse que rola de pai para filho?
Novamente, é algo que não cabe em palavras. Você entra em contato com a possibilidade de uma inocência que parecia perdida. E assiste a tantas coisas fascinantes, uma personalidade que se forma, a descoberta da linguagem. Isso acaba te afetando, te transformando, não tem fim...
Como foi ver sua mulher engravidar e parir?
Muita gente diz que o relacionamento amadurece muito depois de um nascimento... Bem, pra começar, não sei se sou lá muito maduro... a paternidade não foi uma conquista fácil, sempre achei que minha profissão era de tal forma nômade que essa possibilidade não cabia na minha vida. Maria [Klabin, esposa de Walter] mudou minha percepção, e o presente que ela me deu foi o maior que já recebi – e o parto, inesquecível. Nem ela nem eu quisemos saber o sexo, preferimos guardar o mistério até o fim. E fiz questão de não fotografar ou filmar o nascimento do Vicente. Você sabe, a gente guarda melhor aquilo que não pode ser reproduzido.
Em Linha de Passe, as cenas em que a mãe está em trabalho de parto são fortes. De onde você tirou inspiração pra dirigi-la nessa hora?
Daniela é a maior responsável. Além do mais, é reincidente no assunto...
Como foi estar em Cannes e ver a Sandra receber o prêmio de Melhor Atriz sem ela estar lá?
Um misto de alegria, por ela e pelo filme, e de tristeza, por ela não poder estar presente... mexeu muito com Daniela e comigo. Só que a Dani conseguiu falar algo no palco, e eu fiquei atônito. Mais uma vantagem da co-direção...
A Sandra perdeu o bebê às vésperas do festival – e no filme está o tempo todo com aquele barrigão que mexe com toda a trama. Como foi receber essa notícia?
Sempre achei que somos infinitamente pequenos para conseguir entender a ordem, ou desordem, do mundo... Esse é mais um caso. Sou incapaz de explicar essa co-relação. Prefiro nem tentar.
O Walter Salles é um cara que se emociona?
Você já viu o fim de Central ou de Diários? Tento traduzir aquilo que sinto, sem filtros, na tela. Nesse caso, não me interessa o distanciamento, acho que é mais honesto se expressar dessa forma. Até porque a elevação do cinismo como valor contemporâneo no cinema pós-Tarantino me incomoda. Quando trabalho com a Daniela, essa expressão se torna mais seca, e é bom que seja assim. Se bem que o final de Terra não é exatamente contido...
Quem é a sua mulher?
Maria, mãe de Vicente, artista plástica talentosa. Mas o que talvez melhor exprima a Maria é sua integridade e sua capacidade de ver antes.
O que significa, para você, o casamento?
A pergunta mais difícil que você me fez. Não quer repetir a do Unibanco?
Que importância tem o ritual de acordar todos os dias ao lado da mesma pessoa?
É algo que precisa ser constantemente reinventado. Não sei quem disse que o amor é uma questão de física, e o casamento de química. Pensando bem, é uma frase péssima, o cara devia ter ficado calado.
Você é um homem bonito e tido pelas mulheres como um galã. Como é saber que te vêem assim?
Chegou a hora de voltar para a pergunta do Marcelo Tas.
Você se sente um galã?
O termo é divertido, meio anacrônico, que nem “galocha”. Galã lembra o Tarcísio Meira, não acha? Galã de Os Irmãos Coragem... Anos 70.
Rico, inteligente, famoso e bonito. Muitos adjetivos respeitáveis para uma pessoa só. Alguma vez isso deixou de ser vantagem e se tornou um problema?
Vou te contar uma história. Central tinha acabado de ganhar Berlim e cheguei à Argentina para fazer parte de um seminário no festival de Buenos Aires. Na saída do hotel, uma menina de 18 anos me pára na rua e diz: “Seu filme mudou minha vida”, e desanda a chorar. E entre uma lágrima e outra, arrematou: “Muchas gracias, Todd Haynes”. Ou seja, tudo na vida é relativo. Parênteses: o filme que tinha mudado a vida dela era sobre o glam rock dos anos 70.
Quais são as qualidades mais nobres que uma mulher pode ter?
Não se esforçar para ter “qualidades nobres”.
Você convive num meio em que a mulherada faz qualquer coisa para aparecer. Onde acha que as mulheres se perderam com essa busca eufórica pela fama?
Não vamos botar a culpa nas mulheres. Os homens também se casam e se divorciam na capa da Caras. Como diz um amigo da Daniela, estamos vivendo a era da evasão de privacidade. Invasão é coisa do passado. Hoje, esse desvendamento é consentido, buscado a qualquer custo. O custo, aliás, geralmente é o do Botox.
Falando em Botox, como vê essa obsessão pela imagem, pela magreza e pelo não-envelhecimento das mulheres hoje em dia?
Novamente, os homens são co-responsáveis desse estado de coisas. Daqui a pouco, vai ser difícil encontrar atores de idade que possam participar de um filme de época. Eu tendo a achar que não há nada mais atraente do que ruga, a sensação de que o tempo foi vivido plenamente...
Sabemos que não são só as mulheres abastadas que torram dinheiro com estética. Como você – que andou tanto pela periferia em seus trabalhos – explica o fato de uma mulher se endividar para fazer cirurgias plásticas ou comprar produtos de beleza pelos quais não pode pagar?
Interessante, meu amigo Jonathan Nossiter, que dirigiu o ótimo documentário Mondovino, está fazendo um filme justamente sobre isso. Mas o que está acontecendo é previsível. A imposição de um padrão de beleza é de tal forma avassaladora que ela acaba permeando todas as classes sociais. É algo ditatorial: você só existe se couber nesse padrão.
Como se formou o Walter Salles de hoje? Quem foram as grandes pessoas da sua vida?
Prefiro falar de um cara, que é o [artista plástico polonês] Frans Krajcberg. Foi ele quem me deu um norte, quem me permitiu entender quem eu era e como melhor me expressar, meus territórios de eleição. Fizemos um documentário juntos, Socorro Nobre. Tem um antes e depois disso. Como nascemos no mesmo dia do ano, chamo o Kraj de meu irmão mais novo. Mais novo porque é o mais radical de todos.
O Linha de Passe traz elementos de duas grandes paixões do brasileiro: o futebol e a religião. Pra você, eles têm algum significado?
Com o futebol, eu convivo desde criança, no início dos anos 60, quando ouvia os jogos de Garrincha no rádio. Depois virei um fanático do estádio, mas essa função quem assumiu foi o João. O futebol é aquilo que nos traduz. E, como um treinador diz no filme, nos dá leis que são respeitadas, ao contrário do que acontece no asfalto – e em Brasília. Já com a religião tenho uma relação conflituosa. Tive experiências traumáticas num colégio jesuíta, quando era criança, na França. Me rebelei, saí dali, nunca mais pisei num colégio religioso. Portanto, tenho que passar por cima de preconceitos para conseguir filmar esses mundos sem julgá-los. Foi isso, aliás, que os documentários do João e do Arthur Fontes nos ensinaram a fazer. Um ator nunca deve julgar um personagem. Um diretor nunca deve julgar o mundo que ele está retratando.
Você tem alguma crença religiosa, no sentido literal da palavra: re-ligar?
Boa pergunta. Gostaria de responder que sim. Então, sim, digamos que tenho alguma esperança nesse sentido.
Onde e como extravasa suas tristezas, angústias e dias de fúrias?
No esporte. E tento me reequilibrar no contato com o mar. Agora, um filho também ajuda nisso, a ficar um pouco mais calmo, no sentido de que o entorno perde sua capacidade de te estressar.
O Walter Salles tem dias de fúria? Se sim, me descreva um.
Já se foi o tempo... taí, tô precisando ter um.
Você fez ou faz terapia? O que pensa sobre?
Niet... mas sou a favor. Tenho muitos amigos psi. A maioria pessimamente analisada.
Você tem fama de ser um cara muito perfeccionista com você mesmo e com quem está à sua volta. De onde vem isso?
Isso talvez venha do esporte, feito em nível competitivo. A grande luta é contigo mesmo, não com os outros. E alguns esportes também te ensinam que só se avança no coletivo. Nesse sentido, cinema e futebol são parecidos.
O que aprendeu sobre mulher e comportamento feminino com a Daniela?
O Truffaut dizia: “Quanto mais conheço os homens, mais gosto das mulheres”. Concordo com ele. Não acredito em muitas coisas, mas acredito nessa fonte inesgotável que é a sensibilidade feminina. Não foi só Daniela quem me ensinou isso – mas que ela ajudou, ajudou.
Dividir a direção dos filmes com uma mulher é...
Inspirador. É o que me dá o oxigênio para fazer as viagens solo... cinema é um troço muito solitário, a angústia do goleiro na hora do pênalti. É bom você sair pleno de um filme antes de entrar num outro.
Como é passar horas, meses, anos, dividindo seus trabalhos mais bacanas com uma mulher?
Uma delícia. Tem algo melhor do que ser salvo por alguém mais inteligente do que a gente?