Viajar é ótimo, mas não esqueça: é privilégio
Li uma pesquisa outro dia que dizia que após a garantia de bens como educação, casa, carro e plano de saúde, a próxima coisa que a pessoa adulta de classe média investe é numa viagem.
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Isso me lembrou de pensar a viagem de lazer como o que realmente é: um bem de consumo. Pode ser mais caro ou mais barato, pra mais longe ou mais perto, de navio ou de ônibus. Pode ser de mil jeitos. Mas viajar, acredite, não é um direito essencial do integrante produtivo da sociedade (se deveria ser é outra discussão). É algo que se você quer fazer você tem que achar um jeito de fazer. Em 99% dos casos você compra e vai. É consumo.
Viajar é, inclusive, um privilégio bastante classe-média. E entender esse privilégio e trata-lo como tal é o primeiro passo para não ser um viajante babaca contando vantagem na sala comunitária do hostel.
Por isso esses textos tipo “a incrível geração que largou tudo para viajar e ser feliz” existem e incomodam: eles pegam algo altamente aspiracional e tratam como algo necessário para você ser uma pessoa melhor, mais interessante, mais parte do mundo, mais parte da sua geração. E não é.
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Todo mundo gosta de viajar. Poder fazer isso é muito bom por uma infinidade de motivos. E às vezes viajar deixa de ser lazer para se tornar troféu. Um concurso de “ai, mas aquele restaurante-que-é-uma-portinha-que-você-não-dá-nada-mas-é-obrigatório”. Daí o viajante fica parecendo essa pessoa aqui, ó.
Não seja essa pessoa. Viagem é uma atividade bacana legal, que cada vez mais gente faz e cada vez mais gente quer fazer. Viagem é uma coisa que ensina, relaxa, abre horizontes e todos aqueles clichês que a gente usa porque são verdade. Mas viagem não é, nunca, uma coisa que você tem que fazer pra ser mais isso ou aquilo.
Então da próxima vez que você ler um “N razões porque você precisa ir para tal lugar de tal jeito fazer tal coisa” responda internamente que você não TEM QUE nada. E clique em outra coisa.
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Imagem principal: Alexa fotos via Pixabay