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Colecionar temperos pode parecer exagero? Será? Veja minha “listinha” e o que faço com ela
Créditos: Reprodução
Por Gabriela Sampaio Fergusson
em 3 de agosto de 2012
Uma amiga comentou esses dias: quando a gente muda de casa é que percebe quanta coisa acumula. Não importa o tamanho do seu cafofo ou da sua família. As menores, aliás, sempre surpreendem. Como é que tanta coisa assim pode caber em um lugar tão pequeno? Passei por isso com roupas, com papéis, com livros… e, mais recentemente, com temperos.

Talvez seja hora de assumir que eu sou tempeirófila. O termo não existe, óbvio. Mas a obsessão por eles é mais do que real. E imagino que eu não sou a única a sofrer deste… mal? Cheguei fácil em mais de 50 vidrinhos, latas, sacos e caixinhas – todos com alguma coisa cheirosa dentro – e ocupando totalmente uma prateleira de 1,10 m de largura e 30 cm de profundidade (quando não uma parte da minha geladeira). E não estamos nem falando das ervas frescas que eu compro frequentemente!
Os motivos pra eu ser assim são vários. Eu gosto de viajar e sempre que o faço eu gosto de ir a supermercados e vendinhas locais. Não consigo sair sem alguma coisinha que seja típica ou tenha gosto do lugar. Também há os meus amigos e a minha família, que sempre lembram da minha coleção em suas voltas por aí. Por fim, minha também obsessão por livros de cozinha de todas as partes do mundo me força a precisar de ingredientes um pouco exóticos de vez em quando. Sabe ras el hanout? Então… eu também não sabia!

Acho que não é o caso de eu ser considerada uma “acumuladora” ou “hoarder”, aquelas pessoas que agora têm até documentário específico na TV à cabo. Digo: ainda sou capaz de funcionar na minha cozinha com tanto tempero na frente. E digo mais: acho que funciono melhor! Claro, há coisas como a asafétida que eu comprei numa lojinha de fim de mundo e que eu nunca usei. Mas existe também o garam masala, que turbina meus curries e outros pratos indianos. Ou as pápricas – doce e picante – e a pimenta em flocos extra forte que eu ando usando loucamente em quase tudo.
No fim, acho que o grande barato de ter uma coleção tão grande de temperos é a sensação de que eu sou uma bruxa, uma feiticeira (eu sempre pendi pro lado delas e pouco ligava pra fadas na infância). E uma pitada disso e uma pitada daquilo fazem mágica no que estiver no meu caldeirão.
Se você também adora temperos, então deve me entender. Mas se você mal conta com sal na sua cozinha, quem sabe assim você não se inspira? Compartilho aqui minha coleção e algumas sugestões de uso. A lista também vai dividida entre o que eu considero básico, médio e extras , quase desnecessários… se você não for obcecada como eu! 😉
Básico
Azeite extravirgem – para temperar e finalizar
Azeite virgem – para cozinhar
Baunilha (xarope)
Canela (em pó e em pau) – não só pra doces, eu adoro usar em sopa de galinha!
Chocolate em pó – quanto melhor e menos doce (pra mim), melhor!
Cravo
Curry pronto – mas só se você não tiver garam masala e cúrcuma abaixo.
Ketchup
Louro
Molho de soja – shoyu
Mostarda comum
Noz-moscada – seu molho branco, por exemplo, agradece umas raspinhas.
Orégano
Pimenta dedo-de-moça – pra não ter erro, eu mantenho um monte delas picadinhas em conserva na geladeira.
Pimenta-do-reino branca
Pimenta-do-reino preta em grãos (pra serem moídos na hora) – cai bem por cima de morangos também, viu?
Semente de erva-doce – no mínimo você vai usar no bolo de fubá.
Médio
Água de rosas e Água de flor de laranjeira – para usar em sobremesas árabes ou indianas. Mas eu amo a primeira com melancia. Ou costumo terminar limonadas com a segunda. Use a sua imaginação.
Aceto balsâmico – ou vinagre balsâmico. Já teve seus dias de onipresença, mas eu gosto muito. Especialmente porque ele engrossa no fogo. Veja outras dicas de uso aqui.
Azeites temperados – com ervas, ficam muito gostosos pra saladas. Olha umas dicas aqui.
Baunilha (vagem) – depois que você usá-la assim, vai começar a olhar pra essência com um certo desprezo… hahah
Cardamomo – Comece no café. Depois você vai querer usar em quase tudo.
Cominho em pó – pra mexicanices, indianices e brasileirices
Cúrcuma – É um pó amarelo de sabor suave, mas excelente pra saúde e que, junto com o garam masala, deixa aquele curry prontinho de supermercado no chinelo.
Óleo de Dendê – precisa de apresentação?
Garam masala – mistura Indiana de especiarias que você pode fazer em casa ou comprar pronta em pó.
Gengibre em pó – não é a mesma coisa que o fresco. Mas quebra um galhão.
Hondashi – o caldo de peixe em pó. Pra fazer sopas japonesas e outros caldos.
Maple Syrup – o xarope de bordo vira tempero pra mim quando eu uso essa receita da Gwyneth Paltrow pra vinagrete.
Mostardas diferentes – Pra molhos, carnes e linguiças. Eu tenho Ancienne (com sementinhas), Dijon (com vinagre), Inglesa em pó (bem forte), Horseradish e a lista só tende a aumentar. A próxima da lista? Uma com Jack Daniel’s, por favor.
Nam pla – molho de peixe usado para salgar e temperar pratos do Sudeste Asiático.
Páprica doce e picante
Pimenta Caiena/chili em pó – pra quem não gosta de comida mansa, olha esse Jambalaya.
Pimenta calabresa em flocos
Pimenta jalapeño – Essa eu tenho picadinha em conserva na geladeira. Pra nunca faltar na vida.
Pimenta síria (bahar) – uma mistura de canela, cravo, noz-moscada, pimenta-do-reino e da Jamaica. Eu gosto de por na esfiha
Pimenta-da-jamaica (ou allspice) – o nome em português da a entender outra coisa, mas ela é menos “pimenta” e mais “um monte de temperos”.
Sal marinho – obtido da evaporação da água do mar, não iodado e não refinado. É ótimo pra finalizar pratos.
Semente coentro – uma boa, especialmente se você não tiver coentro fresco em casa.
Sweet chili sauce – molhinho doce de pimenta. Você nunca mais vai comer gyozas e outros pratinhos asiáticos do mesmo jeito. Você acha fácil em supermercados asiáticos.
Tahini – pasta de gergelim. Não só pra fazer homus, mas entra em molhinhos e até sobremesas.
Tandoori masala – outra mistura de temperos: garam masala, gengibre, cebola, pimenta-caiena… eu tenho pronto e em pó. Pra pratos indianos e churrasquinhos-sucesso.
Tomilho – na falta do fresco, mantenho um pouquinho seco em um vidro)
Zaatar – Outra mistura árabe de temperos variados, sal e semente de gergelim. Outro dia eu fiz essa berinjela com zaatar. Sucesso.
Extras
Anis-estrelado – Bem aromático, entra em misturas de outros temperos, marinadas, pratos chineses e eu adoro colocar em compotas de frutas. Não só pelo gosto, mas também por gostar de ver uma estrelinha dentro do vidro.
Asafétida – O nome assusta, né? E o aroma não é necessariamente agradável. Mas os indianos acreditam que ela melhora a musicalidade da voz. Pra ser usada em quantidades pequenas, como nesse Bolinho de batata com chutney.
Folhas de curry – para pratos asiáticos. E na ausência da folha fresca, vai a seca mesmo!
Galanga – primo do gengibre. Outro que eu tenho seco e em pó na falta do fresco.
Limão kaffir – as folhas, na verdade. Cítrico e ótimo em pratos Asiáticos como esse Curry verde tailandês.
Macis – é a “casquinha” da noz-moscada, também perfumadíssima, e que pode ser usada como a primeira.
Pasta de tamarindo – ácido e bem versátil: cabe em molhos, sopas, doces e sucos e em receitas indonésias, indianas, jamaicanas e mexicanas.
Ras el hanout – Essa mistura é marroquina é pode variar. A minha tem cardamomo, canela, cravo, pimenta, coentro e cominho. Boa pra aves e peixes. Olha só uma receita.
Ghormeh sabzi – uma mistura persa de temperos para ensopados, que eu ainda vou usar, hehe.
Pastas de curry tailandês – nas variedades vermelha e verde. Aqui tem uma historinha legal sobre eles.
Sal com ervas – use no final. Eu adoro em peixes!
Sal rosa do Himalaia – Em pedras, grãos ou em pó. Também pra finalizar pratos. E morrer de amores pela cor.
Sal trufado – certamente o mais exibido da prateleira, mesmo fechadinho. O cheiro da trufa me faz sentir milionária e uma pitadinha antes de servir o prato dá a mesma sensação a quem vai comer.
Por fim, este não são exatamente “temperos”, mas não deixam de dar gosto e textura à comida.
Semente de gergelim
Pinoli/Snoobar – Caaaaaro de doer. Mas uma coisa linda em pestos e outros pratos italianos e árabes.
Nozes e afins – amendoim, castanha-de-caju, amêndoas etc. Pra terminar pratos quentes e saladas, eles dão aquele “crocante” necessário.
(*) Gabriela Sampaio Fergusson é jornalista e redatora especializada em gastronomia, comportamento, conteúdo para web e redes sociais. Mantém o tumblr Céu da Boca http://ceudaboca.tumblr.com. No Twitter: @gabisampaio
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