Um programa fora do roteiro

por Tania Menai
Tpm #77

Em Nova York, alguns noivos preferem asas de anjinho

Em Nova York, alguns noivos preferem asas de anjinho do que o já manjado véu e grinalda

Poucas vezes ganhei rifas ou sorteios. Pensando bem, apenas uma vez: foi no casamento civil dos meus amigos Juliana e Ivan*, na prefeitura de Nova York. Era uma manhã de sexta-feira. Ainda assim, eles chamaram tantos amigos que na hora ficou difícil escolher quem seria a testemunha. Voilà, meu nome saiu da cartola. Foi uma honra. A cerimônia em si dura dois minutos – a coisa é rápida e indolor. Afinal, o juiz nunca te viu, não tem o que dizer e te trata que nem cliente na fila do Starbucks, já querendo atender o próximo casal. A fila, sim, é coisa demorada. Mas, se você tiver algum interesse em antropologia, seja bem-vindo. Tem coreana casando com senegalês, esquimó com argentina, japonês com italiana e até paulistano com paulistana, que era o caso dos meus amigos. Naquela manhã, um dos noivos vestia fantasia de anjinho, com direito a asinhas de algodão e auréola sobre a cabeça (caso você esteja em dúvida: não era Halloween).

 

Casamento de férias
A vantagem de casar em Nova York é que a sua união não é considerada, digamos, brega, como os casamentos de Las Vegas. Aqui você não corre o risco de esbarrar com o Elvis Presley no cartório, tampouco ver o seu marido correr sozinho para o cassino a fim de comemorar seu novo estado civil. E tem mais: a lei nova-iorquina exige que você preencha a papelada num dia e case, no mínimo, 24 horas depois. Isso evita casamentos por impulso estilo Britney Spears, que apareceu bêbada de madrugada numa capela de Las Vegas e se divorciou no dia seguinte. Essas 24 horas de diferença são essenciais para eliminar o teor alcoólico do sangue dos pombinhos (caso eles não sejam alcoólatras, claro).
Também há registros de turistas estrangeiros que dão uma fugida da família para casar em Nova York. Tanto que certa vez o New York Times incluiu esses casamentos na seção de viagem, dando dicas sobre os procedimentos (como as taxas de US$ 35 no primeiro dia e US$ 25 no segundo – infinitamente mais barato do que aquela festa de R$ 70 mil) e o que fazer na cidade nas horas pré e pós-casório. As opções são tantas que o perigo é se esbaldar nos parques, teatros e afins e se esquecer de passar no cartório no dia seguinte para finalizar o processo.

*Juliana e Ivan viveram felizes para sempre, e hoje são pais dos gêmeos Theo e Lara.

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