Três foi demais!

por Ana Manfrinatto

Palavrinhas sobre o show de Cancanhoto, Moreno e Domenico

Na segunda-feira eu tive a oportunidade (privilégio seria a palavra mais adequada) de assistir ao show “Três” de Adriana Cancanhoto, Moreno Veloso e Domenico Lancelotti. E a grande verdade é que eu adoraria poder escrever um relato mais distante e objetivo do recital. Mas como este veículo é um blog e eu me emocionei pacas, acho que posso me permitir algumas licenças, né?

Musicalmente foi tudo muito impecável, foi tudo muito experimental, enfim, tudo muito fino – ou “biscoito fino”, como eu costumo dizer. Os três se divertiram pacas no palco, todos cantaram, todos tocaram instrumentos diferentes e fizeram peripécias como em uma música na qual o Moreno foi acompanhado pelo Domenico com um megafonezinho e pela Adriana com uma maçã. Ahã, maçã como instrumento musical.

O show também foi bastante teatral. Adriana impávida entre os dois ora celestial, ora sensual. O Domenico movimentos os olhinhos no beat da música como quem quer dançar no metrô e o Moreno com um tênis espacial, uma camisa xadrez fechada até o último botão do colarinho e com aquela carinha de moço bom dele.

Três lindos.

E agora vem a parte da licença poética e do benefício de poder escrever em primeira pessoa… É que eu nunca tinha visto a Adriana Calcanhoto ao vivo embora ela esteja sempre incluída na playlist do meu aparelhinho de MP3. Sublime escutar “Vambora” ao vivo.

Fantástico escutar “Esquadros” e voltar no tempo lá para o comecinho dos anos 2000, em São Paulo, quando eu saía de Itapevi e começava a faculdade, meu estágio no site da Trip, a vida adulta e, junto a isso, começava a andar pelo mundo divertindo gente, chorando ao telefone, vendo doer a fome dos meninos que tem fome e sobretudo prestando atenção em cores de Almodóvar, cores de Frida Khalo, cores.

Saudosismo? Que nada! Porque embora a Adriana tenha mandado seus clássicos de rasgar o coração, ela estava acompanhada desses arranjos modernosos que o Moreno e o Domenico fazem tããão bem. Tanto é que eu cantei em alto e bom som (junto com quase todo o público que estava no Niceto Club) a música “Fico assim sem você” sem nenhum medo de parecer cafona ou piegas. Porque todo o “mel” da versão da Adriana foi cortado pela base de funk que o Domenico mandou no final.

Como na hora em que eles mandaram “Hey Mr. DJ “ da Madonna com os três tocando violoncelo. Essa foi a pegada do show: construindo, descontruindo, brincando, reinventando. Sublime, diria.

Eu recomendo que você vá lá ainda hoje, que é o último dia.
(Se eu pudesse, voltaria!)

Mais informações no site do Niceto Club.

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