Gabriela Domeisen clica grafites de Zurique que, proibidos por lei, duram menos de um dia
Você sabe quanto tempo um artista leva para grafitar um muro? Pelo menos um dia. Mas, em Zurique, na Suíça, isso não faz diferença. A única certeza é que depois de pronto o grafite vai ser apagado em poucas horas. O que por muitos é considerado arte de rua, para o governo da cidade, é crime de vandalismo. É por isso que existe até uma empresa especializada em remover todo e qualquer resquício de tinta da paisagem urbana, o mais rápido possível.
Inconformada com a situação, há três anos a fotógrafa Gabriela Domeisen, 45, retrata toda forma de expressão artística que encontra nos muros de Zurique antes de desaparecerem. “Quem acessa o meu site pode ver uma cidade criativa e colorida. Mostrar essas obras efêmeras pode mudar a cabeça de muita gente”, diz ela, que também trabalha com editoriais e publicidade, mas não nega que sua paixão é o grafite. “Passo todo meu tempo livre atrás desses artistas e sempre acho que não é o suficiente”, se queixa.
Dos trabalhos femininos que já clicou, Gabriela destaca o da conterrânea Tika (foto). “Ela é conhecida no mundo inteiro e costuma passar meses no Brasil para se inspirar”, conta a fotógrafa, que também já fez inúmeras fotos de obras dos paulistanos Os Gêmeos. “São meus artistas preferidos. Trabalho como o deles é capaz de mudar a censura que existe por aqui”, acredita.
E ela pode ter razão. Foi o sucesso internacional de artistas como a dupla brasileira que diminuiu a marginalização da arte de rua por aqui. Para quem não sabe, foi só em maio do ano passado que a presidente Dilma Rousseff sancionou a Lei 12.408, que descriminalizou de vez o grafite no Brasil. Será que desta vez nós é que vamos servir de exemplo?
Vai lá: www.graffiti-file.ch