Morre de vontade de ir para um festival de música no exterior? Veja dicas para se jogar sem medo
Época de divulgação do line up dos festivais gringos é aquela comoção entre os fãs de música. Todo mundo morre de vontade de ir mas por falta de grana, de tempo, ou simplesmente de organização, a maioria acaba desencanando e não indo em nenhum. Como as passagens aéreas pro exterior ficaram mais acessíveis nos últimos anos, partir pra esta aventura não é tão difícil quanto parece.
A publicitária paulista Fernanda Vendramini Tedde é habitué de festivais gringos e frequenta todo ano pelo menos o Coachella, que acontece em abril em pleno deserto californiano, na cidade de Indio. É ela quem nos dá várias boas dicas de como se organizar e não passar perrengue!
Guia para ser feliz em festivais gringos
. Passagens áreas: Compra de passagens têm que ser feita com bastante antecedência, principalmente se o festival for na alta temporada do Hemisfério Norte (e férias de julho no Brasil) em cidades muito turísticas. Quanto antes, mais opções de companhias aéreas, mais baratas as tarifas e maior o parcelamento.
. A escolha: A primeira escolha quando você decidir ir para um festival gringo é o que você quer desses dias. Se sua motivação para viajar for puramente musical, o line up (escalação das bandas) vai ser seu fator de decisão. Se você tem outras vontades, considere o clima, a localização, se é em uma metrópole, se é no meio do deserto ou na praia, o tipo de público, o que tem para fazer perto, a duração de cada festival... e como tudo isso vai fazer suas férias felizes. Eu, por exemplo, priorizo line up, sol e cidades que eu gosto. Assim, quando rola um azar como pegar uma tempestade de chuva e ficar no meio da lama por 3 dias - como aconteceu no All Points West de 2009 - pelo menos eu estava vendo bandas que eu amava e em Nova York.
. Pré decisão: Antes de comprar o ingresso e fechar a viagem, pesquise TUDO nos sites dos festivais e fóruns de discussão. Não tem segredo. Jogue tudo no Google e dedique algumas horas às dicas de quem já foi. Eu mesma fiz um guia para quem vai para o Coachella no meu blog.
. Hospedagem: festivais fora de cidade grande muitas vezes têm camping. Que variam em conforto e estrutura. Acampar depende muito do ímpeto aventureiro de cada um e da necessidade de usar secador de cabelo de manhã. Normalmente os sites dos próprios festivais têm dicas de acomodação. Os hotéis indicados nesses sites são os primeiros a lotar, mas em outros sites de reserva (hotel.com, etc) sempre dá para achar outras opções mais esquecidinhas. Lembre-se de olhar sempre a distância do hotel até o local dos shows. Não viaje nunca sem o hotel/camping reservado porque tudo fica cheio nos arredores dos festivais meses antes. Obs.: O Coachella oferece algumas opções meio termo entre camping e hotel. São uns “campings chiques”, veja no site.
. Logística: é um dos itens que mais demanda pesquisa prévia, para saber até onde vai seu voo, se precisa alugar carro (e nesse caso já checar o custo disso e reservar antes de ir), qual a distância das hospedagens, se o pessoal dá carona, se tem táxi tarde da noite para voltar dos shows, etc. No caso do Coachella normalmente aluga-se carro para ir de L.A até Indio. Eu já alugo no aeroporto e vou direto. IMPORTANTE: Nessa estrada tem um outlet ótimo. Então cheguem um dia antes para passar umas horas lá. E lá existe o Carpoolchella, um esquema de carona que a galera combina antes pelo site do festival. Não há transporte público.
. Roupas: a gente acha que por ser brasileira está acostumada com calor. Mas lugares como o Coachella, no meio do deserto, são de matar. Mas o maior calor que já passei na vida foi no Lollapalooza, em Chicago, quente e muito muito úmido. Nesses casos é bom levar a regata mais fina, os shorts mais leves e até cogitar trocar o tênis pelas Havaianas. Qualquer pedaço mínimo de corpo descoberto dá um alívio no calor. As gringas encaram um biquinão felizes da vida. E ninguém faz gracinha ou mexe com elas!
A variação de clima entre dia e noite pode ser drástica na maioria dos festivais de verão. Principalmente em lugares mais abertos onde venta ou com água por perto, como o Primavera Sound, em Barcelona, por exemplo. Leve um casaquinho e se você for friorenta e até uma calça para a noite. Vale ir mais equipada no 1º dia do festival e sentir o quanto de roupa e apetrechos você realmente precisa.
. O que mais levar: eu sou adepta do mínimo possível, para ficar livre leve e solta e andar calmamente no meio da multidão. Levo uma mini mochila bem levinha com IDENTIDADE (importante para consumir bebida alcoólica nos EUA), moletom, câmera fotográfica, óculos escuros, dinheiro e protetor solar. Cada pessoa tem que saber o que precisa para passar 8, 10, 12 horas “fora de casa”. Eu também tenho a sorte de ir acompanhada por amigas mais equipadas que levam canga para sentar na grama, lencinhos úmidos, pente, etc. E amigos homens que levam mochilas grandes e carregam minhas coisas. Às vezes é possível encontrar tendas com maquiagem e cabeleireiro.
. Fotos: normalmente não é permitido levar câmeras profissionais a menos que você tenha credencial. Veja no site do seu festival escolhido. No do Coachella dá pra ver aqui o que se pode levar ou não.
. Comer e beber: A maioria dos festivais não deixa entrar com comida ou bebida, para você ter que consumir lá dentro. Já contabilize o dinheiro para a alimentação e bebida do dia. Também gerencie suas expectativas quanto aos drinques. Na Europa é tudo mais liberado. Mas no Coachella, por exemplo, existem poucas opções alcoólicas e só é permitido beber dentro do cercadinho/tenda.
. Compras: Leve dinheiro também para as compras. É quase impossível não querer comprar alguma camiseta ou pôster. E se você amou alguma coisa, compre no 1º dia. Normalmente as peças variam de dia para a dia e se esgotam rapidamente. A camiseta do Arcade Fire talvez só esteja à venda no dia em que eles tocaram e você vai se auto flagelar se deixar de comprar.
Se jogue, aproveite, dê muita risada, se esgoele, se mate de dançar e volte feliz!
(Fernanda Vendramini Tedde é publicitária, co-produtora do Popload Gig Festival e escreve no blog Two Way Monologue.)