por Flávia Durante
Tpm #105

Produtor musical, DJ, flamenguista roxo. Tpm apresenta Gabriel Ben, o filho de Jorge Ben

É difícil não notar a presença de Gabriel. Com 1,90 metro de altura, pele cor de canela e ar de menino mau, ele arranca olhares do mulherio mundo afora. Embora viva em Miami há mais de dez anos, costuma dar o ar da graça em baladinhas do Rio e de São Paulo. Não é raro trombar com ele no paulistano Bar Secreto, onde Madonna encontrou Jesus, ou na Jamaican Sessions, noitada carioca que acontece de tempos em tempos na Casa da Matriz, em Botafogo.

Gabriel é Gabriel Ben Menezes, filho de Jorge Ben Jor. Paulistano criado no Rio de Janeiro, é um rapaz simples, reservado, que adora o anonimato e tem aflição de qualquer associação com a fama do pai. Apesar de ter um imenso orgulho de sua origem, não carrega o Ben como um troféu. Vidrado em música desde moleque, foi descobrindo a sua praia ao longo dos 27 anos de convivência com o universo em que nasceu. “Gabriel mexe com tecnologia de música, essa de DJ”, disse seu pai, em uma das raras entrevistas de sua vida, à Trip, em novembro de 2009.

 

 

Se tivessem seguido a vontade de Jorge, Gabriel e seu irmão seriam jogadores de futebol. Mas cada um acabou seguindo uma trilha. Tomaso, o mais velho, apresentou a ele os discos de hardcore e de heavy metal. Mas foi aos 14 anos que Gabriel começou a estudar violão e a produzir os próprios sons. Aos 20, passou também a discotecar. Viveram parte da adolescência no interior da Flórida, numa cidadezinha chamada Bradenton. “Sempre quis morar fora, tinha repetido o primeiro ano do colegial e, aos 17 anos, meu irmão, que tinha ido antes para treinar golfe, me convenceu a ir”, conta ele. Lá, os Ben fizeram high school no mais tradicional estilo americano.

Hoje, o mais velho é executivo da bolsa em Wall Street. E Gabriel, ao optar por uma faculdade, escolheu hotelaria. De um ano pra cá, trancou o curso para se dedicar à música. “Sempre tive vontade de ter um restaurante, um bar, uma pousada em uma praia remota. Cursei hotelaria por três anos e tranquei porque o ritmo de trabalhos com a música começou a acelerar, eu já estava ganhando uma grana legal e viajava frequentemente para Nova York”, explica.

“Gosto de artistas como David Byrne, que não são facilmente etiquetados”


Em 2010, Gabriel deu pinta no Brasil quando coproduziu para a Nike, com o amigo Daniel Ganjaman, a regravação de “Umbabarauma” com Ben Jor, Mano Brown e Zegon. É DJ residente da Mokai, uma casa noturna em Miami que bomba quando ele assume as pickups. Consciente da mistura que o moldou, diz que nunca quis fazer só um tipo de música. “Gosto de artistas como o David Byrne, que não são facilmente etiquetados. O que me influencia não é só um estilo musical, mas sim todo o Brasil.” Para Gabriel, o Rio de Janeiro é o lugar mais bonito do mundo. “É onde eu me sinto em casa.”

Hoje, o DJ leva uma vida noturna intensa e pode ser encontrado em festas ao lado de celebridades como o produtor Pharrell Williams e o rapper Lil Jon. Mas é extremamente ligado à família. Tanto que carrega, do lado esquerdo do peito, uma tatuagem com o nome da mãe, musa de tantas canções de Jorge. A misteriosa Maria Tereza Domingas, que nunca dá entrevistas, é muito marcante na vida dos Ben. Retratada como Domênica, Dumingaz, Maria ou Tereza nas músicas, a paulista se casou com Jorge no fim dos anos 60. “Ela é minha mãe, irmã e empresária, tudo ao mesmo tempo. Conto com ela para tudo e vice-versa”, entrega.

Do pai, Gabriel herdou a religiosidade. Quando está sozinho, ele adora entrar em igrejas. Senta lá, fica em silêncio. “Para mim, religião é a base de tudo. Não sou muito de ir a missas, mas, quando saio de uma igreja, sinto uma sensação de positividade muito boa”, revela o músico, que se considera católico-cristão.

Entre os planos para o futuro, está ter seu próprio selo. Produzir tudo que lhe interessa: “Seja música, moda, arte, culinária, esportes, um coletivo”. Enquanto isso, segue focado em sua rotina em Miami, que inclui acordar, colocar um som bem alto, preparar o próprio almoço e treinar. “Para ser um bom DJ tem que praticar todo dia”, ensina. Além disso, em seu dia há espaço para rolês de skate no fim da tarde e encontros com bons amigos.

 

“Até fiz [músicas para as musas] mas ainda não achei minha Domingas”


Atualmente solteiro, Gabriel é visto por aí sempre bem acompanhado. Namorou por um tempo a top model brasileira Ana Bela Santos, que mora em Nova York. “Namorar a distância é muito ruim. Não recomendo para ninguém”, sugere o moço, que acredita – e muito – em fidelidade. “Tem que ser fiel.” Se já fez músicas para as suas musas? “Até fiz. Mas ainda não achei minha Domingas”, revela. Não é preciso consultar os deuses astronautas pra saber que, cedo ou tarde, alguma Domingas fisga o coração desse menino.

Ouça a mixtape que Gabriel (que como DJ é conhecido como @buzybwoy) preparou para a Tpm:

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