Não deu conta de tudo hoje? Você não é a única
A gente pertence ao grupo de seres vivos que há 400 milhões de anos tomou a decisão precipitada, mas ousada, de rastejar para fora dos oceanos, nos tornando terrestres e respirando oxigênio.
Então, respira.
Nosso tempo é um mundo novo em folha do tudo ao mesmo tempo agora. Vivemos agora em uma aldeia global, um acontecimento simultâneo. Por conta da velocidade eletrônica, não podemos mais esperar para ver. George Washington uma vez observou: “Não tivemos notícias de Benjamin Franklin este ano. Precisamos escrever-lhe uma carta”.
Infelizmente, confrontamos essa nova situação com um enorme peso morto de antiquadas respostas mentais e psicológicas. Nossos pensamentos e palavras mais impressionantes nos traem – eles se referem somente ao passado, não ao presente. As informações são despejadas sobre a gente, instantaneamente e continuamente. Assim que a informação é adquirida, é rapidamente substituída por outra ainda mais nova.
Respira fundo.
A morte está sempre no caminho, porém o fato de nunca se saber quando ela chega parece amenizar o caráter finito da vida. E, porque não sabemos, temos tendência a encarar a vida como um poço inesgotável. Mas tudo só acontece um determinado número de vezes e, na realidade, um número muito pequeno.
Quantas vezes mais você vai se lembrar de uma certa tarde da sua infância, uma tarde que faz parte de você tão profundamente que não é possível imaginar sua vida sem ela? Talvez quatro ou cinco vezes mais. Talvez nem isso. Quantas vezes você ainda vai ver a lua cheia nascer? Talvez vinte. E, no entanto, tudo parece não ter limite.
Respira ou suspira, o que você preferir.
Tudo tem limite, e seu tempo não é exceção. Nem o meu. Eu mesmo não consegui escrever este editorial no prazo. Resfolegante, improvisei o remix que você leu aqui. Fiz minhas as palavras de Bill Bryson (é dele o início do texto, “A gente pertence...”, sampleado de Breve história de quase tudo), Marshall McLuhan (citado de “Nosso tempo é um mundo novo...” até “... por outra ainda mais nova”, de O meio é a massagem) e Paul Bowles (“A morte está sempre no caminho...” até “parece não ter limite”, direto de O céu que nos protege).
Sim, não dei conta de tudo hoje. E ainda tem mais na página 50.
Fernando Luna, diretor editorial
P.S. Anota aí: 4 e 5 de agosto são dias de Casa Tpm, um evento para quebrar aqueles estereótipos femininos que estão por aí desde o tempo da sua avó. A programação, inspirada no Manifesto Tpm, tem música, debates, arte, encontros, estilo e gastronomia. Já confirmaram presença Karina Buhr, Mirian Goldenberg, Paula Lavigne, Viviane Mosé, Ronaldo Fraga, Laerte, Suzana Herculano-Houzel, Bob Wolfenson, Maria Ribeiro, Joana de Vilhena Novaes, Xico Sá, Denise Gallo, Milly Lacombe, Bel Coelho, entre outros. Para saber mais (inclusive como participar), dá uma olhada em www.revistatpm.com.br/casatpm. Até lá!