Vice-líder mundial de body-boarding, Jéssica Becker fala das dificuldades do esporte
Atualmemente, a brasileira Jéssica Becker é vice-líder do ranking mundial de body-boarding. Mesmo assim, a carioca de 21 anos quase não foi às etapas do circuito mundial do esporte na Espanha e em Portugal, no mês de agosto: faltava patrocínio. "Eu estava muito desanimada em viajar tendo que me bancar sozinha, cheguei a pensar em abandonar o cenário competitivo, até entrei na faculdade nesse período para dar um novo rumo à minha vida", contou ao site da Tpm. "Mas na véspera do campeonato fiquei agoniada com o fato de ter que assistir pela internet e decidi tentar a sorte." Jéssica fez uma campanha na internet para arrecadar fundos. Não conseguiu patrocinadores, mas não desistiu e foi para a Europa competir. Na etapa espanhola, em Sopelana, venceu. Na seguinte, em Sintra, ficou em terceiro lugar.
Conversamos com a body-boarder sobre suas dificuldades e vitórias no esporte – e Jéssica ainda deu dicas de protetores solares que cumprem o que prometem.
Como você começou a se interessar e praticar body-boarding?
Desde nova eu queria pegar onda, pois sempre morei perto da praia e via os meninos passando com pranchas debaixo do braço, o que me despertava muita curiosidade. Em 2002, após insistir bastante, eu ganhei de meus pais uma prancha e, no verão, virou meu passatempo.
Como foi quando decidiu se profissionalizar no esporte? Qual foi a reação de seus pais, dos amigos?
Sempre fui uma menina muito competitiva e sempre pratiquei muitos esportes. Quando comecei a pegar onda, já praticava natação e participava de campeonatos. Mas o interesse pelo body-boarding foi maior e aos poucos resolvi me dedicar exclusivamente. Em menos de um ano eu já estava participando de campeonatos. No início tive muito incentivo de meus amigos, pois era novidade uma menina dentro da água, e meus pais sempre me incentivaram e se desdobravam para que eu pudesse participar de campeonatos. E aí em 2006, quando decidi me profissionalizar, tive o maior apoio possível de todos.
Você fez uma campanha on-line para arrecadar fundos para conseguir viajar até as competições na Espanha e em Portugal. Como foi a experiência? Alguma vez você pensou em desistir?
Realmente foi minha última cartada para conseguir algum patrocinador, nos últimos momentos para a viagem. Não deu muito certo, mas chamou a atenção de muitas pessoas dentro e fora do esporte, e o resultado está começando a aparecer, ainda mais após os bons resultados nas últimas etapas do circuito mundial. Eu estava muito desanimada em viajar tendo que me bancar sozinha, cheguei a pensar em abandonar o cenário competitivo, até entrei na faculdade nesse período para dar um novo rumo à minha vida. Mas na véspera do campeonato fiquei agoniada com o fato de ter que assistir pela internet e decidi tentar a sorte.
Como está sendo a sensação de ir tão bem nos campeonatos depois de quase não ter viajado?
É uma satisfação enorme, pois pude provar que tenho capacidade de conquistar muito mais mesmo estando "sozinha". E acredito que poderei fazer melhor ainda quando tiver pessoas – patrocinadores – que confiem no meu trabalho.
Como é fazer body-boarding no Brasil?
Infelizmente, comparando com outros países, a visão de patrocinadores e da mídia ainda é fraca quanto a esporte. Mas o Brasil é o país mais evoluído estruturalmente, leva novos ideais para o circuito mundial. Acredito que por isso que temos tantos campeões e destaques no cenário internacional: quando chega uma novidade no circuito mundial, ela já foi testada no Brasil e já estamos acostumados, sabemos como reagir.
Fora das competições, como é seu dia a dia?
Atualmente meu dia a dia está muito corrido, tenho que dividir meu tempo entre treino dentro da água, fora da água e faculdade durante a noite.
E como é sua rotina quando você está em competição?
Fico focada na competição, é como se a vida fora dela não existisse. Gosto de assistir ao evento inteiro, do início ao fim. Mesmo que eu não tenha baterias durante determinado dia, é uma forma de interagir com o evento e ficar por dentro dos critérios estabelecidos, condições do mar, fazer estratégias.
Qual o maior desafio no body-boarding?
Atualmente, no Brasil, é a falta de patrocinadores e de mídia.
Todo mundo pode praticar body-boarding? Você acha que existe alguma restrição?
É um esporte sem limitações de idade, sexo, condições físicas e psíquicas, todos podem praticar, com foco profissional ou não. É extremamente relaxante, você fica boiando em cima de uma prancha dentro do mar, ouvindo o barulho das ondas quebrando. Além de ajudar no desenvolvimento do corpo e da mente.
Você tem cuidados especiais com alimentação, com o corpo?
Muitos. Sou bastante vaidosa. Minha alimentação não é muito restrita, pois tenho um consumo calórico muito grande, mas evito comer as ditas "besteiras" do dia a dia. E adoro academia, tenho um grande cuidado com meu corpo e com a aparência dele, mas tento unir isso com a necessidade de um treino mais específico voltado para o esporte, junto o útil ao agradável.
E cuidados especiais de beleza?
Como o sol e a água salgada são "destruidores" da beleza, ajudam no envelhecimento precoce,
eu procuro sempre usar protetores excelentes, que muitas vezes não são muito caros, mas o resultado é muito bom. Também sempre uso bons hidratantes, shampoos sem sal, sabonetes com hidratantes, frequento bastante o salão para cuidar dos cabelos e da pele. Se relaxar, fica parecendo que você tem uma espiga de milho na cabeça bem rápido, e a pele fica tão ressecada que passa a ter coceiras e ficar esbranquiçada. É um esporte que pede maior cuidado com esses fatores.
Você tem um blog e atualiza ele com certa frequência. Você gosta de internet, navega bastante?
Eu adoro internet, é um meio de contato e de obter notícias. Costumo visitar bastante os sites relacionados ao esporte, sites de relacionamento (Orkut, Facebook etc.) e outros que uso para estudar, principalmente os de anatomia humana.
Você gosta de música? Qual é a trilha sonora quando você vai competir?
Adoro música, quando eu era mais nova fiz anos de aulas de piano, mas parei pois não tinha mais tempo para praticar. Cada momento da minha vida eu ouço um tipo de música diferente e para competir, geralmente, ouço algo mais animado e empolgante, vale até Banda Calypso para entrar mais alegre! Tudo depende do meu estado de humor nos minutos que antecedem minha bateria.
O que você diria para quem não recebe patrocínio no esporte que pratica?
Nessa última viagem que fiz para a Europa o meu irmão me mandou um e-mail, e no fim dele tinha essa frase: "É muito melhor arriscar coisas grandiosas, alcançar triunfos e glórias, mesmo expondo-se à derrota, do que formar fila com os pobres de espírito que nem gozam muito nem sofrem muito, porque vivem nessa penumbra cinzenta que não conhece vitória nem derrota", de Theodore Roosevelt. E desde então eu carrego ela comigo e acredito que sirva para outros atletas que vivem essa mesma situação.
Para ficar protegida
"Sempre que viajo, compro protetores lá fora, porque é muito mais barato que aqui no Brasil. Todos esse são muito bons, já testei dezenas de protetores antes e nunca prestavam – ou davam espinhas, escorriam na água e ardiam os olhos ou não funcionavam. Então quando não encontro um, procuro algum outro da lista", explica Jéssica, sobre seus protetores solar escolhidos, sem deixar de lembrar que a melhor dica é testar, afinal, eles podem ter efeitos diferentes em cada pele.