Raul à portuguesa

por Flora Paul

Cantora madeirense, a também psiquiatra Carina Freitas fala de sua loucura por Raul Seixas

Carina Freitas é uma psiquiatra que nasceu na Ilha da Madeira. Mas é, também, uma cantora fã de Raul Seixas, tanto que não apenas canta suas músicas como já compôs em homenagem ao seu ídolo - a canção “Alquimia, Segredo Guardado”, é um dos destaques de seu álbum de estreia, Alquimia, lançado em 2006.

De uma família musical, Carina começou a cantar desde cedo, mas continuou seguindo com seus estudos. Esta semana está no Brasil para celebrar o lançamento de um CD que vem encartado gratuitamente na biografia Raul Seixas – Metamorfose Ambulante, de Mário Lucena. Ambos vão às bancas de jornal a partir desta sexta-feira, 20, data que marca os 20 anos da morte do cantor.

Batemos um papo com a cantora, que tem um português de sotaque carregado, sobre como descobriu Raul Seixas, Paulo Coelho e o paralelo entre a música e a medicina em sua vida.

Como você descobriu a música do Raul Seixas?
Através do Paulo Coelho, em 1999. Estava em Portugal e gostava muito dos livros dele, como Alquimista e Brida. Fui conferir a biografia dele e vi sobre as parcerias com o Raul Seixas. Na época foi mais difícil, porque não tínhamos internet e essa globalização, então fui pedindo para amigos e familiares no Brasil me mandarem material dele.

E o que fez você se interessar pela música dele?
O fato de ser de verdade. O que eu digo é que é uma maneira de ver a vida muito realista, ele diz aquilo que as pessoas não têm coragem de dizer, ou não sabem transmitir. Ele consegue privilegiar tudo aquilo que nós sentimos de uma maneira muito fácil e sobre coisas com que nós nos identificamos em alguma altura de nossa vida.

Você também trabalha como médica em um hospital psiquiátrico.
Eu sou médica psiquiátrica de crianças e adolescentes. Trabalho com emoções, lido com a emoção das crianças que têm problemas, que estão deprimidas, até mesmo em emergências de casos com tentativas de suicídios.

Você consegue ver um paralelo entre suas funções de médica e cantora? Ou acha que são vidas separadas?
Ambas trabalham com a emoção. Na medicina, na psiquiatria, eu trabalho muito com as emoções das pessoas, e é um trabalho muito individual. Em relação à música, eu tento também transmitir emoção, mas de forma mais coletiva, para que as pessoas se identifiquem, levem uma mensagem de força, esperança de que as coisas podem mudar, entender que nós somos um pouco do nosso próprio destino. Há um paralelo nessa parte da emoção.

E você tenta inserir um pouco de música como terapia para seus pacientes?

Eu não tenho muita oportunidade de trabalhar com a música. Mas antes de vir para o Brasil, uma paciente minha estava internada. No quarto ela tinha uma viola. Pronto! Com a oportunidade, comecei a cantar com ela, tocar pra ela. Acho que a música serve muito como intermediária para a terapia. Essa menina estava muito fechada e através da música ela começou a se sentir mais confiante, ficou muito mais feliz e começou a melhorar.

Vai lá:
Raul Seixas – Metamorfose Ambulante, de Mário Lucena, com o CD Alquimia de Carina Freitas.
Editora B&A, 260 páginas.
Preço sugerido: RS 29,90.
Vendido em banca de jornal.

 

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