Ira Trevisan, ex-Cansei de Ser Sexy e nova blogueira do site, fala sobre a vida na França
Em 2003, Ira Trevisan era assistente do estilista Alexandre Herchcovitch. Com os amigos, por diversão, criou uma banda. E a banda, o Cansei de Ser Sexy, virou queridinha da cena alternativa internacional. O resto você deve conhecer. Tocou pelo mundo todo, se apresentou nos grandes festivais do verão europeu e, o que era uma brincadeira despretensiosa, virou trabalho.
No começo do ano passado, quando a banda estava gravando seu segundo CD, Ira percebeu que preferia a moda, e foi para a França se pós-graduar no assunto. Agora, além de estudante, escreve o blog Qualquer Coisa no site da Tpm. Falamos com ela sobre a decisão de sair da banda e o retorno aos estudos.
O que os leitores do site podem esperar do seu blog?
Literalmente qualquer coisa. Fotos e vídeos em breve.
O que você costuma fazer na internet?
Eu faço basicamente tudo na internet. Estou no Twitter mas nunca escrevi – vergonha.Tenho uma lista de blogs que leio regularmente, além do Pitchfork e do Style.com. Mas 90% do meu tempo na internet é gasto com coisas inúteis.
Como foi a decisão de sair do Cansei de Ser Sexy para estudar na França?
Não foi uma decisão fácil e dá para imaginar por que... mas foi uma decisão positiva. Sentia que tinha mais a contribuir com a moda do que com a música, já que eu nunca soube compor. E, para mim, é importante ter um trabalho em que eu possa me expressar criativamente. O Cansei foi uma megaexperiência do it yourself, por um tempo, todo mundo fazia de tudo um pouco, era incrível. Mas quando tudo começa a ficar grande as coisas mudam. É normal. E eles souberam crescer e virar uma banda profissional. Eu, primeiro, pensei que a melhor forma de colocar o pé no chão depois de tudo que aconteceu era parar e estudar. Fui atrás de uma pós-graduação e achei o Institut Français de la Mode. Paris foi uma consequência
Como é seu dia a dia por aí?
Eu basicamente vivo em função da pós, mas vejo shows com frequência. Tenho um amigo que se refere a Paris como a “Gaiola de Ouro”, é fácil se desligar do mundo por aqui. É uma cidade calma em todos os sentidos, meio chata às vezes, mas um lugar perfeito para ficar imersa em moda e em arte.
Com o Cansei você fez várias turnês internacionais. Qual foi a experiência mais legal que teve com a banda?
Foram muitas. Acho que o fato de viajar constantemente foi uma megaexperiência. Sua mala é a sua casa, você perde o apego ao que não é totalmente necessário. Tocar em grandes festivais também foi ótimo. Acho que nunca vou esquecer o público do festival Glastonbury ou o dia que tocamos no festival Reading.
O que está achando das pessoas e do ensino por aí?
O ensino é megapuxado e o programa é ridículo de tão concentrado. O mercado é competitivo mas o curso tem um ambiente agradável. A proposta é ser internacional, os alunos vêm de vários lugares do mundo, têm estilos completamente diferentes entre si. O clima é mais de troca que qualquer outra coisa. É divertido.
Quais são seus próximos planos?
Eu ainda não penso em voltar a tocar, apesar de sentir falta. Tenho planos de trabalhar no Brasil, mas não exclusivamente. Com tudo que eu estou aprendendo aqui, dá vontade sim de contribuir com a moda no Brasil. Tenho planos que carrego por muito tempo comigo, talvez seja a hora de começar a colocar tudo para funcionar, mas vou esperar o fim do curso para ter certeza. Tudo segredo ainda.