Qual a sua idade mental?

por Mara Gabrilli

Nos últimos tempos, essa frase nunca fez tanto sentido na minha vida.

Dia desses fui ao médico e fiquei toda feliz por saber que meu corpo ainda não apresenta sinais da menopausa. Aninada, com meus 47, saí do consultório pensando em como nosso estado de espirito deflagra os sinais do nosso corpo. Claro que certos cuidados com a saúde são importantes, mas manter a mente jovem nos poupa de tanto botox, mal humor e dinheiro gasto com estética.

Brinco que meu dente do siso não nasceu até hoje. E essa falta de juízo faz toda a diferença no meu dia a dia e de qualquer pessoa que encara a vida com olhos mais pueris. Tem até estudos científicos para mostrar que o humor melhora nossa saúde. O riso relaxa os vasos sanguíneos, o mesmo que ocorre quando fazemos um exercício aeróbico e descarregamos substancias de prazer. Não é para rir à toa?

Tenho um amigo que nunca foi jovem, mesmo na época em que éramos crianças. E ele sempre teve consciência disso. De tão velho que era! Por outro lado, conheço pessoas com mais de 60 que são meninos. O Walter Mancini mesmo. Sua idade mental lhe garante uma imagem tão despojada e leve que ninguém é capaz de distinguir sua idade cronológica.

Lembro-me de uma viagem que fiz para Europa com minha família quando tinha uns 16 anos. Minha amiga que divida o quarto comigo acordou no meio da noite com uma crise de choro, desesperada e melancólica, falando sobre seu envelhecimento. Na época ela tinha 26 anos e já se sentia velha e menos feliz por isso. 

De lá para cá se passaram trinta anos. No meio do caminho, quando fiz 26, mesma idade da crise existencial da minha amiga, fiquei tetraplégica. Mas em nenhum momento me vi naquele espelho. Acho que o olhar que impetramos nas coisas é o que nos faz enxergar como velhos ou jovens eternos. E quando a leveza confronta a seriedade imposta em nossa rotina recebemos um choque de vigor.

Clarice Lispector dizia que "divertir os outros é dos modos mais emocionantes de existir".

Sua mente estava em constante puberdade. Se viva hoje seria a velha mais jovem que existiu.

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