Primavera em Nova York

por Júlia Comodo

A jornalista Julia Comodo fez um tour pelos melhores empórios e restaurantes naturebas de NY

Cheguei em Nova York num domingo às 18h, cansada, com preguiça para passar pela imigração e toda aquela função aeroporto. Depois de muito embaço, finalmente liberada, vi Times Square e virei criança. Felix, meu amigo americano, casado com minha amiga Fê, gostou da minha expressão: disse que era bom ver a cidade pelos olhos de uma turista. Eu parecia uma caipira impressionada com  a cidade grande.
 
Logo que chegamos no apê do casal bem no meio de Manhattan, saímos para dar uma volta. Fê me levou de cara ao Whole Food ( mercado gigante com grande variedade de orgânicos, produtos  integrais, ecológicos, etc.). Pirei, não queria sair de lá. Enchi o carrinho.

No dia seguinte encontrei o casal de amigos brasileiros de férias na cidade. Começamos  com um  roteiro de museus: MOMA e Guggenheim. O MOMA incrível com seu acervo de arte moderna: Van Gogh, Cézanne, Chagall, e no Guggenheim: Kandinsky, Miró, Picasso espalhados pelo prédio com  arquitetura em espiral.

Almoçamos no Dean and Deluca, um misto de mercado, padaria, empório, delicatessen.

A tarde  “bateção” de perna pelas ruas e lojas.

Dia 02, outro circuito museus:  The Frick Colection, e Whitney. O The Frick fica numa mansão de um antigo  magnata colecionador de obras de arte de Degas, Velásquez, etc. , um jardim de inverno delicioso para sentar e ficar olhando para fonte com seus sapinhos de bronze. Maravilhoso, mas o museu mesmo não faz muito meu estilo, não curto muito entrar na  casa dos outros sem conhecer o dono, ainda mais de gente morta...com os móveis todos no mesmo lugar...acho meio pesado.

O Whitney Museum, amei! Bem mais a minha cara, arte contemporânea, estava acontecendo uma exposição da Jenny Holzer com  suas frases  maravilhosas que passavam num letreiro luminoso, palavras impactantes iam mudando  como nos letreiros dos aeroportos de aviso de vôo.

Dessa exposição fiquei com a frase : “Protect me from what I want”.

Na 4ª feira fui encontrar a  equipe do programa de TV que produzimos em NY, com a Erika Mader. Gravação no Brooklin com grafiteiros que alugam estúdio e instrumentos para ensaios de bandas independentes. O Brooklin é meio como Santa Teresa no Rio de Janeiro, um bairro à parte, charmoso, com outro ritmo, diferente da frenética Manhattan onde todos correm e ninguém se olha.

5ª feira, dia de encarar o Met- Metropolitan Museum. Saímos cedo de casa, fui munida com lanche e água na bolsa - o Met requer  cabeça fresca, e muita disposição. É muita informação, me ative a algumas salas, se não me perco e começo a ficar com a mente frenética e não lembro mais de nada. Adorei o salão do Buda, sentei ali e dei uma meditada.

No Met me separei dos amigos, não dá para ver museu gigante acompanhando o tempo de cada um em cada obra. Saí de lá  tarde, almoço no Westerly Natural Market, outro mercado natureba que me apaixonei, esse não é uma grande rede como o Whole Food, e é muito mais roots, muito mais preocupado com os conceitos ecológicos de sustentabilidade  e menos marqueteiro. Aliás tem vários desses mercadinhos com conceito “eco” espalhados por NY, meu maior passatempo era descobrir e explorá-los, lendo tudo que continha nos produtos.

À noite fomos para Meatpacking District, antigo bairro de carnes, formado por galpões de açougues. Hoje a arquitetura dos galpões permanece, mas ao invés de carnes vende-se  grandes marcas de roupa e objetos de grife, além de bares e restaurantes hypados. Jantamos no Spice Market, um restaurante e bar tailandês. Pedimos o menu degustação, as mesas ficam em salinhas reservadas com cortinas, são várias dessas. Logo no primeiro pedido a simpática hostess nos pergunta se tem alguém alérgico ou que não come algum tipo de alimento. Não hesitei, chamei a chinesinha no canto e dei uma lista das coisas que não como. E vai lembrar como fala em inglês cada uma das minhas maluquices desde que me tornei completamente adepta da alimentação baseada na medicina chinesa. Funcionou, a cada rodada de pratos, o meu vinha separado e diferente, todos maravilhosos. Éramos muitos e só precisei falar uma vez o que eu não comia,  tudo impecável, no tempo certo, sem nenhum erro ou troca de pedido. Serviço incrível. Para beber, algumas garrafas de espumante.

Sexta-feira  fui conhecer o lado mais charmoso da cidade, Lower East Side, com suas ruas encantadoras de judeus, chineses, vietnamitas, imigrantes no geral. Almocei no Earth Matters , restaurante vegetariano incrível que a Gisela me apresentou. O dono é um italiano, e os atendentes são todos jovens e bonitos vegans. O restô/emporio tem uma carta com vários sucos na centrifuga, lojinha com produtos orgânicos, sem glúten  e uma varanda charmosa para almoço, cafés, lanches, jantares e drinks tudo eco, orgânico, correto.

Sábado ensolarado, passeio clássico: pic-nic no Central Park. Me  encantei com o canto da Alice no Pais das Maravilhas e as frases de  LeWis Carroll. Minha amiga tinha uma toalha própria para pic-nic que fechada era uma bolsa e aberta o forro para as comidas no gramado.

Depois,  compras na parte mais patricinha da ilha: Upper East Side, onde mães passeiam com carrinhos de bebê  grifados - a amiga  me explicou que marca de carrinho de bebê dá status, existe  a Ferrari dos carrinhos e o Fiat Uno. Um achado: casaquinho do Marc Jacobs por 150 dolares na promoção. Não levei, é tanto estimulo ao consumo, que me deu uma trava na hora de comprar, quase um enjôo ,cheguei a encher e esvaziar o carrinho várias vezes.

Domingo fiz um programa diferente. Peguei o metrô e fui encontrar minha tia no PS1, que significa Public School 1. Lá as escolas são nomeadas assim com numerais. Essa escola foi transformada em  um museu, um  braço de arte contemporânea do MOMA, no distante bairro do Queens. A proposta é democratizar a arte. No museu em uma das instalações entrei embaixo de uma piscina sem me molhar e tinha a sensação do olhar turvo de quem esta embaixo d’água. Tirei fotos para ilustrar melhor.

Nos últimos dias me dediquei a explorar lojas, mercados, restaurantes de produtos naturais e ecológicos. Fotografei, anotei nomes, endereços, comprei vários produtos sem glúten, sem leite, sem ovos, minhas taras de pesquisa de alimentação. Nessas andanças descobri a Natural Gourmet Institute, uma escola de culinária natural. Foi aí que eu tive vontade de não voltar e ficar por lá mesmo hibernada, estudando.

Fiz tudo o que queria na cidade, até no Carlyle hotel  eu fui para ver se encontrava o Woody Allen que costuma tocar por lá todas as segundas-feiras. Dizem que ele entra mudo, toca sua clarinetinha e sai calado.
 
Última passada na livraria Barney and Nobles, presentinhos ...postais...telefonemas de despedida e agradecimento.

Enfim, time is over.

Taxi, aeroporto, Rio de Janeiro, de volta à real life.

Vai lá:
Whole Foods Market- 10 Columbus Circle- Time Warner Center-NY
Tel: 212 823 9600
(PS: Existem vários Whole Foods espalhados pela ilha)

Westerly Natural Market-  911 Eight Avenue, NY
Tel:  212 586 5262

EarthMatters Organic Market
Restô , café e emporio.
177 Ludlow Street- NY
Tel: 212 475 4180
www.earthmatters.com

Escola de Comida Natural
Natural Gourmet Institute-  48 West 21 st Street- second floor.
Tel: 212 645 5170 ext 106- registrar@naturalgourmetschool.com

Loja de chás naturais quentes e gelados e utensilios para fazer chá:
Carta variada com diversos  sabores e misturas de chás.
Amanzi Tea- 166 Chambers St
Tel: 212 227 2244
www.amanzitea.com

Spice Market- restaurante e bar Thailandes
403 west, 13 th street com 9a ave- Meatpacking district
Melhor pedida: menu degustação

Dean and Deluca- Madison Store
1150 Madison Av. com 85 th street- Upper East Side
www.deandeluca.com

Dean and Deluca- Soho Store
560 Broadway com Spring Street
Soho

Carlyle Hotel
35 east 76 th Street
(onde Woody Allen toca jazz)

Onde Ficar:
Fiquei na casa de uma amiga na 52 com a 8ª localização bem central, prática e funcional.
Se fosse para hotel escolheria algo  no Lower East Side , ou o off Soho. www.offsoho.com

A melhor dica é alugar apts, estúdios através do site de aluguel Craig List- www.craiglist.com

Outra dica: Comprar a Time Out assim que chegar- lá tem todos os shows da semana, atrações culturais, o que esta acontecendo na cidade.

 

*Julia Comodo é jornalista e tem o blog Diário de uma natureba

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