Pra não dizer que eu não falei do outono...

por Ana Manfrinatto

Que lindo foi ver as folhas caídas em Mendoza!

Strike a pose da Ciana com a folhinha outonal

No Brasil eu nunca registrei muito bem o outono porque as estações não são tão marcadas (pelo menos em São Paulo) como aqui na Argentina. Mas o inverno já chegou (embora este fim de semana tenha rolado um veranico) e eu senti falta de escrever sobre esta estação do ano que foi linda demais com as folhinhas amarelas caídas pelo chão.

Outono também é aquela época de recolhimento, de “bajar el cambio” (diminuir o ritmo) e de poupar energia para o inverno. E não tem jeito: se a gente está conectado com o ritmo natural das coisas, é uma época propícia para olhar para dentro e conversar com a gente mesmo. Não é nada fácil mas é necessário.

Deixando o diário de lado, neste outono eu pude escapar alguns dias com uma amiga para Mendoza, no centro-oeste argentino e aos pés da Cordilheira dos Andes. A região também é famosa pelo sem fim de vinhedos e está presente no rótulo da maioria dos vinhos que são exportados daqui para o mundo todo.

O outono em Mendoza é dourado. O céu é azul, o clima é seco, tem sol o dia todo e o céu é estrelado. Sem falar na imponência da cordilheira e na energia da montanha. Praticamente um paraíso. Agora no inverno a região também é conhecida pelas estações de ski e por isso é um dos destinos escolhidos para quem quer esquiar ou fazer snowboard.

Voltando à minha Mendoza outonal, vou contar os highlights da viagem que, lamentavelmente, só durou um feriadinho de quatro dias – porque ir pra lá com tempo para conhecer muito mais coisas deve ser incrível.

1. Bodega Familia Cecchin

Bodega Familia Cecchin. Linda, né?

Tá vendo como é dourado mesmo?

Geralmente os turistas visitam várias bodegas em um mesmo dia. Ciana e eu preferimos ficar numa só e passar a tarde inteira por lá. A bodega Familia Cecchin continua sendo administrada pela família que dá nome ao lugar e inclusive conhecemos o seu Jorge, descendente do senhor que começou com o negócio em 1910 e que continua trabalhando na terra todo santo dia mesmo tendo mais de 80 anos.

Chegando lá uma guia nos levou para um tour pela plantação e explicou todo o processo da plantação da uva – da preparação da terra à colheita – e também as diferenças desta bodega, que é orgânica, para as outras que são convencionais. O vinhedo é rodeado de flores e árvores frutíferas porque quando as pragas atacam, elas começam por aí e daí dá tempo de identificar o problema e de tomar alternativas que não sejam químicas.

A visita guiada termina com uma degustação de vinhos do local e uma aula express de como identificar as suas características. O meu preferido foi o Graciana, uma cepa (tipo de uva) produzida somente nesta bodega que era uma delícia. Eu trouxe uma garrafa para casa porque o tour sempre termina na lojinha.

Restaurante A la Sombra

Uma das melhores sobremesas ever

A la Sombra é o nome do restaurante que fica dentro desta bodega. Nós escolhemos almoçar no lugar para seguir desfrutando da paisagem e do passeio. E não nos arrependemos nem um pouco. Pelo contrário: toda a comida servida por lá também é orgânica e a maioria dos produtos é cultivada lá mesmo.
O pão caseiro era dos deuses. As azeitonas eram dos deuses. A comida também era dos deuses e o vinho escolhido foi o Graciana que eu comentei anteriomente. Um banquetaço! Mas o que mais conquistou o meu coração foi a sobremesa servida este dia: tangerina e membrillo frescos (uma fruta local) com sorvete de doce de leite e queijo mascarpone. Sensacional!

2. Passeio pela alta montanha

Las Cuevas, quase na fronteira com o Chile: alto e frio pra c******

Tá boa essa vida de cão, né?

No meio do caminho tinha um riacho gelado

Embora a cordilheira possa ser vista de vários pontos da cidade, pra chegar mais perto dela tem que contratar uma excursão, não tem jeito. Nós compramos o passeio de um dia na El Cristo Turismo que saiu por volta de R$ 50 e passamos um dia inteiro percorrendo a montanha.

Chegamos a mais de 4 mil metros de altitude e fomos quase até a fronteira com o Chile fazendo algumas paradas estratégicas como, por exemplo, a Puente del Inca e um ponto de onde dá para ver o Aconcágua.

3. Feirinha de artesanato da Plaza San Martín


Óbvio que a gente pegou amizade e tomou mate com a família que fazia bolsas

Eu tenho certeza que ela não está em nenhum guia de turismo mas vai lá porque vale a pena. É destas feiras de artesanato enormes que tem coisas lindas – e diferentes – de verdade. Ciana e eu compramos umas bolsas de couro incríveis e bem diferentonas que saíram super barato e que fazem o maior sucesso em Buenos Aires.

O que eu vou ficar devendo são dicas de hospedagem e de restaurantes porque nós ficamos na casa de amigos e preferimos cozinhar à comer fora. Seja em qualquer estação do ano fica a dica: separe uns quatro dias na agenda (ou mais, se você puder) quando vier a Buenos Aires porque Mendoza é uma região com paisagens de tirar o fôlego e que está a só 14 horas de ônibus ou 2 de avião daqui da Capital Federal.

fechar