Filme venezuelano que trata de homofobia e racismo estreia amanhã no Brasil
Junior mora em um cortiço em Caracas, junto com sua mãe viúva e um irmãzinho bebê. Está de férias e passa parte do tempo na casa da avó, brincando com sua melhor amiga ou observando o jogo de basquete dos meninos da comunidade. Um deles, em especial, chama sua atenção.
Por influência da avó Carmen (Nelly Ramos), conhece os cantores de rádio e aprende a letra de suas músicas. Para ela, quanto mais perto das artes e mais longe das armas, menos o destino do menino será o mesmo do pai, morto pela violência da favela.
Junior, vivido com bela atuação de Samuel Lange Zambrano, quer ser como um desses cantores e posar para a foto da escola vestido com pompa. Mas os cantores tem cabelo liso. Diferente do seu, crespo. Maionese, abacate, ovo e óleo. Para o garoto, qualquer experiência serve para alisar o seu “cabelo ruim". A obsessão do menino pelo cabelo gera na mãe Marta (Samantha Castillo) um estranho pânico homofóbico. “E se ele for gay? Vai sofrer, não vai?”, ela chega a perguntar para o pediatra. O menino não tem nada de errado, obviamente, o médico conclui.
Em Pelo Malo, dirigido pela venezuelana Mariana Rondon e que estreia (1) amanhã no Brasil, o racismo e a homofobia se misturam. E também o machismo, que deixa a mãe do menino à mercê do patrão para garantir o emprego de vigilante que sustenta a família. Juntos, esses terríveis padrões de comportamento fazem um retrato da periferia da Venezuela. Mas que também poderia ser do Brasil ou de qualquer outro lugar onde, diariamente, crianças, mulheres e adolescentes lutam para vencer preconceitos. Os seus próprios e dos outros.
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