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Pedro Neschling

O ator, protagonista da série Aline, fala de sexo e brownie, em um ensaio com pouca roupa

Pedro Neschling

Por Luara Calvi Anic TPM #89

em 8 de julho de 2009

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Pedro olha para um brownie e pensa em sexo. Um bolo quentinho e molhado na boca de uma mulher faz com que ele queira ser… um bolo quentinho e molhado na boca de uma mulher. “Estava jantando com umas amigas e elas pediram um brownie. Fizeram aquela cara de mulher quando come brownie. É foda. Por melhor que seja, nunca vou conseguir fazer uma mulher chegar a essa cara. A gente nunca vai saber o que é dar esse prazer a vocês. Queria ser um brownie [risos].”

Filho único de Lucélia Santos – grande atriz das décadas de 70 e 80, sucesso na novela Escrava Isaura (1976) e em filmes como Engraçadinha (1981) – e de John Ne­schling –, ex-regente e diretor artístico da Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo) –, Pedro está filmando a série Aline, na Globo. Ao lado de Maria Flor e Bernardo Marinho, estreia até o fim deste ano. Aos 27 anos, nunca assistiu aos filmes da mãe, tampouco folheou a Playboy para a qual ela posou dois anos antes de ele nascer. “Pô! É minha mãe. Não quero ver a cena da curra [em Bonitinha, mas Ordinária (1981), em que ela atuou em uma cena de estupro], nem a Playboy!” Da música erudita do pai – que durante sua adolescência morava na Europa e com quem ele passava as férias – Pedro passa longe: “Sou um Neschling pop! [risos]”, diz.

Suas empreitadas musicais foram duas aulas de piano. Também teve uma banda punk na adolescência e toca “Britney Spears, Aretha Franklin, Los Hermanos” em festas como o Bailinho, no Rio, e a Gambiarra, em São Paulo. Com o pai, ouve jazz, um pouco de MPB, e desde sempre fica sentado no banheiro enquanto John Neschling toma banho. “Meu pai adora tomar banho conversando. Puxei essa mania dele. No meu banheiro também tem um pufe para as pessoas sentarem”, diz.

Durante a entrevista, que começou no aeroporto, passou por um táxi, um hall de hotel e o restaurante Spot, em São Paulo, recepcionistas e balconistas perguntavam: “Você fez Malhação?”. “Não.” “Fez siiiim!”, insistiam. Co­mo ator, passou por um punhado de novelas globais: Sítio do Picapau Amarelo, Da Cor do Pecado, Páginas da Vida e Desejo Proibido – mas nunca por Malhação.

Já no restaurante, o carioca pede um penne ao tomate, espera a repórter dar a primeira garfada para acompanhá-la e revela seu lado junkie food: “Sou o terror dos nutricionistas. Como tudo errado e não durmo sem amendoim e Coca-Cola. Como chocolate, pizza, McDonald’s. Toda mulher com quem me relaciono fala: ‘Na boa, você me faz engordar’”. E de onde vem o corpo definido? Das peladas semanais e do judô – que pratica desde a infância.

Pedro estourou no teatro aos 20 anos com a peça Os Sem Vergonhas, uma comédia que foi sucesso no Rio. Nessa época, apesar da faculdade de cinema trancada, seu currículo já estava forrado de trabalhos como diretor de curtas, assistente de direção e roteirista de um documentário de sua mãe, Timor Lorosae – O Massacre Que o Mundo não Viu, ganhador do prêmio português Lusofonia de melhor roteiro. Há dois anos Pedro mantém o blog Vivendo a Revolução, com cerca de 25 mil visitas diárias, passa o dia alimentando o Twitter e pensa em escrever um livro.

Há seis meses, vivenciou o fim do casamento de três anos com a cantora Luiza Possi. “O fim do casamento é uma morte, uma facada. É uma das piores coisas que podem acontecer, mas passa…” O carioca, que não disse se arrumou um novo par, fala sobre sexo, amor e… sexo anal.

Você engata uma relação na outra ou consegue ficar sem namorada? Fico. Sinto falta de sexo, mas eu fico [sem namorada] na boa.

Sexo é importante pra você se apaixonar? Totalmente, totalmente. É um conjunto, né? Não adianta a pessoa ser um sonho de consumo do ponto de vista intelectual e não funcionar na cama. E não adianta ser incrível na cama e escrever português errado. Aí é foda.

E tem que ser um supersexo? Um sexo muito bom. Você não acha? [Risos.]

Não sei. [Pedro cumprimenta alguém, cinco mesas à direita, com um tchauzinho. Antes disso, já tinha encontrado o dramaturgo Miguel Magno no mesmo restaurante.] Tô pop em São Paulo [Risos].

Estou vendo. Quem é? Um cara lá da Globo, diretor de arte. O que a gente estava falando?

Sobre sexo e se apaixonar. Já se apaixonou por alguém com quem o sexo era mais ou menos? Quando era mais novo, sim. Hoje em dia é diferente, né? E eu sou canceriano, cara, muito reativo. Acho que a cama é uma coisa de troca mesmo. Sou totalmente entregue ao sexo, mas dependo de que a outra pessoa também seja. Se ela não é, minha reação é não ser também.

Na última reunião de pauta da Tpm o assunto sexo anal causou polêmica. O que você acha de sexo anal? Acho normal. Criou-se um mito que o homem é louco pelo sexo anal, quase como um prêmio. Acho que é um tabu como um monte de outras coisas na sexualidade. Tem gente que é mais liberada, mais bem resolvida com a própria sexualidade, tem gente que é menos. Tem menina que deve achar coisas horríveis em relação a isso. Tudo bem. Problema dela, não tá pronta pra isso. E tem mulher que consegue lidar bem, sabe que não é uma coisa de outro mundo e que se for feito com carinho e com cuidado vai ser prazeroso como todo o resto.

Você acha normal, por exemplo, que uma mulher queira fazer sexo anal na primeira transa? Pra mim sexo não tem cartilha. Vai muito do relacionamento das pessoas e do que elas estão se dispondo a fazer. Não quer dizer que vai ser mais ou menos incrível se acontecer.

E o que é um sexo incrível? Ah, todo mundo sabe. Espero que todo mundo saiba [Risos].

Tá, mas o que é uma mulher que faz um sexo incrível? Não tem explicação. Vai ter explicação?! Não tem. Depende do encontro. Tem vezes que sai fogo na cama [chama o garçom]. Me dá uma Coca, por favor?

Diga… Tem vezes que acontece, vai pra cama e tudo dá certo. Aí termina e fala “uau!” [Risos].

Mas, por que será? Porque nós somos seres humaaanos! Não vou te dar resposta clichê, cara! Tem temas que é foda conversar sem dar aquelas respostas babacas pra caralho [risos].

Vamos pedir a conta?

Produção de moda Andrezza Aldrighi
Assistente de foto Sérgio Conrado
Pedro veste camiseta Hering, cueca Calvin Klein, calça, pulseira e colar do acervo pessoal
As fotos deste ensaio foram feitas na pousada 4 Luas

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